* BEM-VINDO AO BLOGUE "NOVÍSSIMOS DO HOMEM" ! *

Preparemo-nos bem para a hora da Morte e do Juízo,
a fim de escaparmos ao Inferno e ganharmos o Paraíso!


segunda-feira, 26 de abril de 2010

Visões de S. João Bosco
* O PARAÍSO CELESTE - 1





* * * * * * *


O Paraíso Celeste


Visão de S. João Bosco

= 1.ª Parte =



O Céu, na noite de 22 de Dezembro (de 1876), ficou memorável no Oratório de Dom Bosco.
A hora da Oração foi um pouco antecipada.
No Locutório, reuniram-se os estudantes, os artesãos e todas as pessoas da casa.
Dom Bosco tinha prometido falar no Domingo anterior, mas não pudera fazê-lo.
Imagine-se a expectativa geral.
Subiu à cátedra, saudado por palmas entusiásticas, como acontecia sempre que dava, daquele modo, a "boa noite" à comunidade inteira.
Fez o sinal de que ia falar, e imediatamente fez-se completo silêncio...


Na noite em que estive em Lanzo - iniciou D. Bosco -, chegada a hora de repousar, aconteceu-me que tive um sonho especial, que não tem nenhuma relação com sonhos normais.
São coisas muito estranhas.
Mas para os meus filhos não tenho segredos; abro-lhes inteiramente o coração.

Pensai o que quiserdes desse sonho.
Como diz S. Paulo, «quod bonum est tenete» [conservai o que é bom], se alguma coisa encontrardes nele que seja de proveito para a vossa alma, sabei aproveitar-vos disso.
Quem não quiser acreditar-me, que não acredite, pouco importa; mas que ninguém jamais zombe das coisas que vou dizer.

Peço-vos ainda que não o conteis, nem o comuniqueis por escrito, aos que não são desta casa.
Aos sonhos, pode dar-se a importância que os sonhos merecem, e os que não conhecem a nossa intimidade poderiam formar juízos erróneos, vendo as coisas de modo diferente do que são na realidade.
Não sabem eles que sois meus filhos, e que sempre vos digo tudo o que sei, e às vezes até mesmo o que não sei (risos gerais).

Mas o que um pai manifesta aos seus filhos queridos, para o bem deles, deve ficar entre o pai e os filhos, não passando adiante.
E ainda por outro motivo: É que em geral, quando se contam tais coisas por fora, ou se desfiguram os factos, ou se conta apenas uma parte deles, sendo por isso mal interpretados; de onde nasce dano, pois o mundo desprezaria o que não deve ser desprezado.

Deveis saber que, ordinariamente, temos sonhos quando dormimos.
Ora, na noite de 6 de Dezembro, enquanto eu estava no meu quarto, não me recordo bem se lendo, ou se dando voltas pelo aposento, ou se me havia já deitado, comecei a sonhar...



* * * * *


Logo me pareceu estar sobre uma elevação de terreno, ou numa colina, à beira duma imensa planície, cujos confins a vista não alcançava, pois perdiam-se na imensidão.
A planície era toda azulada, como um mar calmo, embora o que eu visse não fosse água, parecendo um cristal límpido e luminoso.
Sob os meus pés, por trás de mim e de ambos os lados, via uma região à maneira dum litoral, à margem do oceano.

Largos e gigantescos caminhos dividiam aquela planície em vastíssimos jardins de indescritível beleza, todos estes repartidos em bosquezinhos, prados e canteiros de flores, de formas e cores variadas.
Nenhuma das nossas plantas pode dar-nos uma ideia daquelas, embora tenham com elas alguma semelhança.
As ervas, as flores, as árvores, as frutas, eram vistosíssimas e de belíssimo aspecto.
As folhas eram de ouro; os troncos e ramos, de diamante; correspondendo tudo o mais a tal riqueza.
Era impossível contar as diferentes espécies de plantas, e cada uma resplandecia com uma luz própria.

No meio daqueles jardins e em toda a extensão da planície, eu contemplava incontáveis edifícios de ordem, beleza, harmonia, magnificência e proporções, tão extraordinárias, que para a construção de um só deles me parecia que não seriam suficientes todos os tesouros da Terra.
E eu dizia para mim mesmo:
Se os meus meninos tivessem uma destas casas, como gozariam, que felizes seriam e com quanto gosto viveriam nela!
Isto pensava eu, vendo externamente os palácios.
Qual não deveria ser então a sua magnificência interior!


Enquanto contemplava, extasiado, tão estupendas maravilhas que adornavam aqueles jardins, eis que chega aos meus ouvidos uma música dulcíssima, de tão agradável e suave harmonia que nem posso dar-vos dela a mínima ideia.
As músicas do Padre Cagliero e de Dogliani nada têm de musical, se comparadas àquela!
Eram cem mil instrumentos, produzindo cada qual um som diverso do outro, enquanto todos os sons possíveis difundiam pelos ares as suas ondas sonoras.
A tão maravilhosos sons, somavam-se ainda os inebriantes coros de cantores.

Vi então uma grande multidão de pessoas que se encontrava naqueles jardins e se regozijava com com imensa alegria e satisfação.
Uns tocavam e outros cantavam; e cada voz, cada nota, produzia o efeito de mil instrumentos reunidos, todos diferentes uns dos outros.
Ao mesmo tempo, ouviam-se os diversos graus da escala harmónica, desde os mais baixos até aos mais agudos que se possam imaginar, mas todos em perfeita harmonia.
Ah, para descrever-vos tal harmonia, não existem comparações humanas!

Via-se, pelo rosto dos felizes habitantes do jardim, que os cantores não só experimentavam extraordinário prazer em cantar, mas ao mesmo tempo sentiam imenso gozo em ouvir cantar os demais.
Quanto mais um cantava, mais se lhe acendia o desejo de cantar, e quanto mais ouvia, mais desejava ouvir.
Era isto o que eles cantavam:

«Salus, honor, gloria Deo Patri Omnipotenti!... Auctor saeculi, qui erat, qui est, qui venturus est iudicare vivos et mortuos, in saecula saeculorum».
[Saudação, honra e glória a Deus Pai Omnipotente!... Autor do tempo, Aquele que era e que é, e que virá a julgar os vivos e os mortos, por todos os séculos dos séculos].


Enquanto ouvia, atónito, essa celestial harmonia, vi aparecer uma imensa multidão de jovens, muitos dos quais eu conhecia, pois tinham estado no Oratório e noutros nossos colégios; mas era-me desconhecida a maior parte deles.
A multidão interminável dirigia-se para mim.

À sua frente, vinha (São) Domingos Sávio, e logo atrás dele vinham o Padre Alasonatti, o Padre Chiala, o Padre Giulitto, e muitos outros sacerdotes e clérigos, cada um deles conduzindo uma secção de jovens.
E eu perguntava a mim mesmo: Estou a dormir, ou estou acordado?
Batia as mãos uma na outra e tocava no meu peito, para certificar-me de que era realidade o que então via.

Chegada diante de mim toda aquela multidão, parou à distância de oito ou dez passos.
Brilhou então um relâmpago de luz mais viva; cessou a música e fez-se um silêncio profundo.
Todos os jovens estavam tomados pela maior alegria, que lhes transparecia no olhar, e nos seus rostos via-se a paz de uma felicidade perfeita.
Olhavam-me com um suave sorriso nos lábios, e parecia que desejavam falar, mas não falavam.

Então, adiantou-se Domingos Sávio, apenas alguns passos, e ficou tão próximo de mim que, se eu tivesse estendido a mão, certamente tê-lo-ia tocado.
Calava-se e olhava-me, sorrindo. Que belo ele estava!
As suas vestes eram verdadeiramente singulares:
Caía-lhe até aos pés uma túnica alvíssinia, coberta de diamantes e toda bordada de ouro.
Cingia-lhe a cintura uma ampla faixa vermelha, recamada com tantas pedras preciosas que uma quase tocava a outra, e entrelaçavam-se em desenhos tão maravilhosos, apresentando tanta beleza de cores, que eu, ao vê-lo, sentia-me fora de mim por tamanha admiração!

Pendia-lhe do pescoço um colar de flores raras, mas não naturais, parecendo como se as pétalas fossem de diamantes unidos entre si, sobre hastes de ouro; e assim era tudo o mais.
Essas flores refulgiam com luz sobre-humana, mais viva que a do Sol, que naquele instante brilhava com todo o esplendor duma manhã de Primavera.

As flores reflectiam os seus raios sobre o rosto cândido e corado (de Domingos Sávio), de modo indescritível, dando-lhe uma luz de modo tão singular, que nem se distinguiam bem as suas várias espécies.
A cabeça, tinha-a cingida com uma coroa de rosas; e os cabelos caíam-lhe sobre os ombros em ondulantes cachos, dando-lhe um ar tão pulcro, tão afectuoso, tão encantador, que parecia... parecia mesmo um Anjo!

(Continua)






* * * * * * *



Fonte: Igreja Online


Nova Evangelização Católica

sexta-feira, 16 de abril de 2010

SÍNTESE DO INFERNO - 2
+ Penas do Purgatório




+ + + + +



SÍNTESE DO INFERNO
- 2



Por muito incómodo que seja para o homem moderno, o que está revelado, revelado está.
E não existe forma de nos evadirmos desta realidade.
Não é pelo facto de não falarmos no Inferno que este deixa de existir e de ser uma realidade assombrosa.

Infelizmente, hoje ouvimos muitos cristãos, inclusivamente padres, dizerem, em matéria de Fé e Moral:
"A minha opinião é que..."; "Eu acho que..."; "Parece-me que..."; «Eu penso que..."

A esses, dizemos:
Mas, amigo, que nos interessa a tua opinião, o teu pensamento, o teu...
A nós, Cristãos, interessa-nos o que Deus pensa, o que Deus acha e o que Deus diz.
E se Deus nos diz que há Inferno, é porque há!
Ou achas que vamos ser estúpidos e fazer mais caso das tuas "filosofias de treta" do que da Palavra de Deus?

O relativismo é fruto da soberba humana!
Deus é Eterno; e o que Ele disse, está dito, quer gostemos ou não.
Assim, ou estamos a caminhodo Céu, ou do Inferno...
Não há meios "que", nem meios "mas"...

Se não estamos a caminho do Céu, para o Inferno iremos...
Por isso, trabalhemos na nossa Salvação com Amor e Temor a Deus, pois como diz S. Paulo:
«Meus queridos... operai a vossa salvação com temor e tremor» (Fil 2, 12).

Que diferença!
Dantes, dizia-se:
"Os que aqui entrarem, abandonem toda a esperança".
Agora, afirma-se:
"É proibido aqui entrar"...
Dantes, os maus iam para o Inferno.
Agora, se existe Inferno, Deus é mau!
Agora, não são os homens que têm de obedecer a Deus... Deus é que tem de adaptar-se aos homens!

Os modernistas, de agora, resolveram reinventar o Evangelho, suprimindo a doutrina do Inferno, dos púlpitos e das catequeses, pois alegam não querer "ferir susceptibilidades", ou
"instalar psicoses de medo"...

Numa palavra, não querem desagradar ao mundo, pois correriam o risco de serem chamados "loucos" ou "retrógrados"!
Não percebem que a «sabedoria deste mundo é loucura diante de Deus» (1 Cor 3, 19).

Mas como se identificaram com o mundo, a eles aplica-se aquela palavra de Deus:
«Não ameis o mundo, nem o que há no mundo. Se alguém ama o mundo, não está nele o Amor do Pai» (Jo 2, 15).
E se não está nele o Amor do Pai, diz Jesus:
«Se alguém não permanece em Mim, é lançado fora, como o ramo seco. Tais ramos são recolhidos, lançados ao fogo e queimados» (Jo 15, 6).

Hoje prega-se um Evangelho manco, um Evangelho de moeda com uma só face; isto é, um Evangelho deficiente, pois já não se fala dos "Novíssimos do homem", salvo raras exceções, da Graça santificante actual, do pecado mortal...

E o que se conseguiu com isso?
Sempre que a luz se ofusca, avançam as trevas!
Queixam-se que as igrejas estão vazias, que há falta de vocações, que os seminários estão em crise...
Mas, se não acreditam na Eternidade, como podem convencer alguém a abandonar tudo por Cristo?

Sem a crença na Eternidade, é impossível existir vocações à Vida consagrada.
Humanizaram de tal maneira Jesus, que se esqueceram que Ele é Deus.
Assim, fizeram um cristianismo horizontal: do homem para o homem.

E se o homem é relativo nas suas posições morais e de Fé, Jesus Cristo, porque é homem, também o é.
Então, segundo essa degradada forma de pensar, tudo é relativo.
E tudo é de tal forma relativo que absolutizaram a relatividade.
É a "ditadura do relativismo": Toda a verdade é relativa, mesmo a Verdade de Cristo!

E ai de quem prega novamente as Verdades eternas e os Dogmas da Santa Igreja de Deus!
Esse é um fundamentalista, um tradicionalista; numa palavra, um retrógrado, que estagnou no tempo...

Hoje só se fala de amor, mas esquecem-se os filantropos que o amor para Deus tem significado diferente do que tem para o homem.
«Quem conhece os meus Mandamentos e os observa, é quem Me ama» (Jo 14, 21).
Isto é, quem não os guarda, nem os cumpre, não ama a Deus e engana-se a si próprio!
É claro como a água.

Sempre existiram dois caminhos para chegar até Deus.
Um mais perfeito do que o outro: o do Amor e o do Temor.
Da mesma forma que um carro tem um acelerador e um freio, da mesma forma, na estrada da vida, devemos acelerar no Amor de Deus e travar perante o pecado, pelo temor de Deus.

O que seria de um carro só com acelerador?
Na primeira curva despistava-se.
Do mesmo modo, não existe outra forma de caminharmos para Deus.

Devemos evitar o pecado, pelo temor de ofender a Deus, Pai Infinitamente Bom; e se isso não chegar, pelo medo do castigo do Inferno, com que nos ameaça a Justiça Divina.
E sobretudo pelo amor a Deus (em primeiro lugar), e através de Deus, também aos irmãos, sem olharmos a sacrifícios.


Revelou Jesus a D. Ottavio Michellini, sobre os Clérigos e Leigos cristãos:

«Se Deus pudesse mudar os Seus ensinamentos, não seria Deus.
A Palavra de Deus não se modifica, não muda, não mudará jamais; ela é eterna, como eterno é Deus.
Ora, Deus deu aos homens uma norma de vida, o Mandamento do Amor; mas disse também que o Amor a Deus deve estar unido ao Temor de Deus.


Tal como o Amor é um precioso dom, que se deve pedir sem cessar, também o santo Temor de Deus é um valioso dom.
Mas os homens desta geração, verdadeiramente perversa, deformaram tudo e tentam demolir tudo.


«Do Temor de Deus, hoje já não se fala; fala-se (só) do Amor a Deus, mas do Temor, não, porque eles dizem que o Temor não se concilia ou não se pode conciliar com o Amor.
Tal como, na sua insensatez, acham inconciliáveis Misericórdia e Justiça, assim acham inconciliáveis o Amor e o Temor de Deus.

«Em suma, hoje aceitam-se as coisas que convêm e repudiam-se as que perturbam...
Quem fala ainda do Temor de Deus?
Quem fala ainda da Justiça Divina?
Quem fala ainda da presença de Satanás no mundo?...

«Deus é terrível na sua Cólera (Justiça).
Ai dos que desafiam a Cólera de Deus, repousando na cómoda ideia de que em Deus não há senão Amor e Misericórdia!
Muitos condenados quereriam poder voltar atrás para reformar as suas ideias, pois agora vêem e compreendem claramente o astucioso engano de Satanás e a sua feroz maldade...

Os homens dizem que não temem a Deus; mas isto é uma terrível blasfémia, de que se pode prever as terríveis consequências neste mundo e para além da vida terrena...»

(Jesus a D. Ottavio Michellini, em 'Jesus aos Seus Sacerdotes e Fiéis')


A tal propósito, assim mesmo ensinava o Papa Pio XII:

«A pregação das primeiras Verdades da Fé e dos Fins últimos não só não perdeu oportunidade nos nossos tempos, mas está a ser mais necessária e urgente do que nunca; incluindo a pregação sobre o Inferno.
Sem dúvida que devemos tratar estes assuntos com dignidade e sabedoria.

«Mas quanto à substância dessas mesmas verdades, a Igreja tem, diante de Deus e dos homens, o sagrado dever de anunciá-la, de ensiná-la sem nenhuma atenuação, como Cristo a revelou, e não existe nenhuma condição temporal que possa diminuir o rigor dessa obrigação.


«Isto obriga em consciência todo o sacerdote, a quem, no Ministério ordinário ou extraordinário, confiou-se o cuidado de governar, avisar e guiar os fiéis.

«É verdade que o desejo do Céu é um motivo em si mais perfeito que o temor da pena eterna; mas daí, não se segue que seja também para todos os homens o motivo mais eficaz para tê-los longe do pecado e convertê-los a Deus».

(PIO XII em 'Exortação aos Párocos e Pregadores', na Quaresma de 1949)


E João Paulo II, na Exortação Apostólica Pós-sinodal "Reconciliatio et Paenitencia", n.º 26, diz:

«A Igreja nunca pode omitir, sem grave mutilação da sua mensagem essencial, uma constante catequese sobre o que a linguagem do Cristão tradicional designa como os quatro Novíssimos do Homem: Morte, Juízo (particular e universal), Inferno e Paraíso.

«Numa cultura, que tende a encerrar o homem na sua vicissitude terrena mais ou menos acessível, pede-se aos Pastores da Igreja uma catequese que abra e ilumine com a certeza da Fé no mais além da vida presente.

«No mais além das misteriosas portas da morte, perfila-se uma Eternidade de gozo na Comunhão com Deus, ou (uma Eternidade) de dor longe d'Ele.

Somente nesta visão escatológica, pode ter-se uma medida exacta do pecado e sentir-se impulsionado decididamente à penitência e à reconciliação».

Então, há que catequizar sobre estes temas, de forma a que aqueles que nos ouvem percebam que não queremos que vão para o Inferno, mas que a isso nos obriga por dever de sermos fiéis ao Evangelho e a Cristo.

Pois, como dizia S. João Crisóstomo:
«Deus não nos ameaça com o Inferno por querer condenar-nos, mas para que nos livremos dele» (De Poenit. Hom. 3).

E terminamos com a Palavra de Deus Vivo:
«Teme a Deus e observa os Mandamentos, porque este é o dever de todo o homem. Porque Deus julgará toda obra, até mesmo a que está escondida, para ver se é boa ou má» (Ecles 12, 13-14).


+ + +




C O N C L U S Ã O


Para terminar, queremos só citar as revelações de Jesus a Santa Josefa Menedez, tiradas da sua obra "Convite a uma Vida de Amor", de Soror Josefa Menendez, que pela sua seriedade e beleza fazem pensar...

Revelações tiradas de
"Convite a uma Vida de Amor", (Sóror Josefa Menendez, 2.ª ed., 1948, págs. 94 a 133):

" Ensinar-te-ei os Meus segredos de Amor, e tu serás exemplo vivo da Minha Misericórdia, porque, se tenho tanto amor e predileção por ti, que não és mais que miséria e nada, o que não farei Eu por muitas outras almas mais generosas do que tu?

" Farei conhecer que a Minha Obra repousa sobre o nada e a miséria, e que esse é o primeiro anel da Cadeia de Amor, que desde toda a eternidade preparo às almas.

" Farei conhecer até que ponto o Meu Coração as ama e lhes perdoa.
Vejo o íntimo das almas... O acto de humildade que fazem reconhecendo a sua fraqueza... Pouco se Me dá a fraqueza delas... Supro o que lhes falta.

" Farei conhecer como é que o Meu Coração se serve dessa fraqueza, para dar a vida a muitas almas que a perderam.
Farei conhecer que a medida do Meu Amor e da Minha Misericórdia, para com as almas caídas, não tem limites...

" Se tu és um abismo de miséria, Eu sou um abismo de Bondade e Misericórdia.
O Meu Coração é o teu refúgio. Vem procurar n'Ele tudo aquilo de que precisas, ainda mesmo que não se trate de coisas que Eu te peça.

" Não julgues que deixarei de amar-te por causa das tuas misérias, não.
O Meu Coração ama-te e não te abandonará jamais.
Bem sabes que é propriedade do fogo abrasar o destruir.
Assim, é próprio do Meu Coração perdoar, purificar e amar.

" Não te disse muitas vezes que o Meu único desejo é o de que as almas Me dêem as suas misérias?
Se não ousas aproximar-te de Mim, aproximar-me-ei Eu de ti.

" Quanto mais fraquezas encontrares em ti, tanto mais Amor encontrarás em Mim.
Pouco Me importam as tuas misérias; o que Eu quero é ser o dono da tua miséria.

" A tua pequenez dá lugar à Minha Grandeza...
A tua miséria e mesmo os teus pecados dão lugar à Minha Misericórdia... A tua confiança atrai o Meu Amor e a Minha Bondade.

" Não vos peço senão aquilo que tendes:
Dai-Me o vosso coração vazio e Eu o encherei; dai-Mo despido de tudo e Eu o revestirei; dai-Me as vossas misérias e Eu as consumirei.
O que não vedes, Eu vo-lo mostrarei... Pelo que não tendes, Eu responderei.

" Há muitas almas que crêem em Mim, mas há poucas que acreditam no Meu Amor; e entre as que acreditam no Meu Amor, são pouquíssimas as que contam com a Minha Misericórdia...

" Se peço amor em correspondência ao que Me consome, esse não é o único retorno que desejo das almas:
Desejo que creiam na Minha Misericórdia, que esperem tudo da Minha Bondade, e não duvidem nunca do Meu Perdão.

" Sou Deus, mas um Deus de Amor. Sou Pai, mas um Pai que ama com ternura, e não com severidade.
O Meu Coração é infinitamente Santo, mas também é infinitamente Sábio, e como Ele conhece a miséria e a fragilidade humanas, inclina-Se para os pobres pecadores com Misericórdia infinita.

" Amo as almas que, depois de cometerem o seu primeiro pecado, Me vêm pedir humildemente perdão...
Amo-as ainda quando choram o seu segundo pecado; e se estes se repetem, não digo um milhar de vezes, mas digo milhares de milhões de vezes, amo-as e perdoo-lhes sempre, lavando no Meu Sangue tanto o último, quanto o primeiro pecado.

" Não Me canso das almas, e o Meu Coração espera sempre que venham refugiar-se n'Ele, por mais miseráveis que sejam!
Não tem um pai mais cuidado com o filho que é doente, do que com os que têm boa saúde?
Para com esse filho, não são maiores as suas delicadezas e a sua solicitude?
Assim também, o Meu Coração derrama sobre os pecadores, com mais liberalidade do que sobre os justos, a Sua compaixão e a Sua ternura.

" Quantas almas encontrarão a vida nas Minhas palavras!
Quantas cobrarão ânimo, ao ver o fruto dos seus esforços: um pequeno acto de generosidade, de paciência, de pobreza, pode vir a ser um tesouro e ganhar para o Meu Coração um grande número de almas...

" Eu não atendo à acção, atendo à intenção.
O menor acto, feito por amor, pode adquirir tanto mérito e dar-Me tanta consolação!
O Meu Coração dá valor Divino às menores acções.
O Eu que quero é amar. Não procuro senão amor. Não peço senão amor...

" O fogo eterno do Inferno será a merecida paga pelo Amor de Deus desprezado, calcado aos pés... "


+ + + + +




O PURGATÓRIO


As almas dos justos que, no instante da morte, têm pecados veniais, ou penas temporais devidas, vão ao Purgatório. (Verdade de Fé)

O Purgatório (estado de purificação) é um lugar ou estado onde se sofrem temporariamente castigos de expiação.

Os Concílios de Lyon e Florença fizeram a seguinte declaração contra os gregos cismáticos, que se opunham principalmente à existência de um lugar especial de purificação, ao fogo do Purgatório e ao carácter expiatório das suas penas:
«As almas que partiram deste mundo no Amor de Deus, com verdadeiro arrependimento dos seus pecados, mas sem terem satisfeito com verdadeiros frutos de penitência pelos seus pecados por actos e omissões, são purificadas depois da morte com as penas do Purgatório» (Dz 464, 693; cf. Dz 456, 570 s).

No Catecismo da Igreja Católica, é dito:

1030. Os que morrem na
Graça e na Amizade de Deus, mas não estão completamente purificados, embora tenham garantida sua Salvação eterna, passam, após a sua morte, por uma purificação, a fim de obterem a santidade necessária para entrarem na glória do Céu.

1031. A Igreja denomina Purgatório esta purificação final dos eleitos, que é completamente distinta do castigo dos condenados.
A Igreja formulou a doutrina da Fé relativa ao Purgatório, sobretudo no Concílio de Florença e de Trento.
Fazendo referência a certos textos da Escritura, a Tradição da Igreja fala de um fogo purificador
(Parágrafos relacionados em 954 e 1472).

No que concerne a certas faltas leves, deve crer-se que existe, antes do Juízo final, um fogo purificador, segundo o que afirma Aquele que é a Verdade, dizendo que, se alguém tiver pronunciado uma blasfémia contra o Espírito Santo, não lhe será perdoada nem no presente século, nem nos séculos futuros (Mt 12, 32).
Desta afirmação, podemos deduzir que certas faltas podem ser perdoadas no século presente (ainda neste mundo), ao passo que outras só no século futuro (no Purgatório) [a 21].

1032. Este ensinamento apoia-se também na prática da oração pelos defuntos, da qual já a Sagrada Escritura fala:
«Eis porque ele (Judas Macabeu) mandou oferecer esse sacrifício expiatório pelos que haviam morrido, a fim de que fossem absolvidos de seus pecados» (2 Mac 12, 46).

Desde os primeiros tempos, a Igreja honrou a memória dos defuntos, e ofereceu sufrágios a seu favor, em especial o Sacrifício Eucarístico, a fim de que, já purificados, eles possam chegar à visão beatífica de Deus.
A Igreja recomenda também as esmolas, as indulgências e as obras de penitência, a favor dos defuntos. (Parágrafos relacionados: 958, 1372, 1479)

Levemos-lhes socorro e celebremos a sua memória.
Se os filhos de Job foram purificados pelo sacrifício de seu pai [a 23], por que deveríamos duvidar de que as nossas oferendas, a favor dos mortos, lhes levem alguma consolação?
Não hesitemos em socorrer os que partiram e em oferecer as nossas orações por eles.

E o Concílio de Trento, no Decreto sobre o Purgatório, afirma:

983. "Já que a Igreja Católica, instruída pelo Espírito Santo, apoiada nas Sagradas Escrituras e na antiga Tradição dos Padres, ensinou nos sagrados Concílios, e recentemente também neste Concílio Ecuménico, que existe Purgatório [cf. n.° 840], e que as almas que nele estão detidas são aliviadas pelos sufrágios dos fiéis, principalmente pelo Sacrifício do Altar [cf. n.º' 940, 950], prescreve o santo Concílio aos Bispos que façam com que os fiéis mantenham e creiam na sã Doutrina sobre o Purgatório, aliás transmitida pelos Santos Padres e pelos Sagrados Concílios, e que a mesma doutrina seja pregada com diligência por toda parte.


"Sejam, outrossim, excluídas das pregações populares, à gente simples, as questões difíceis e subtis, e as que não edificam (cf. 1 Tim 1, 4), nem aumentam a piedade". (Sessão XXV - 3/4-12-1563)

São Pio X, no seu Catecismo maior, definia o Purgatório como «o sofrimento temporário da privação de Deus e doutras penas que apagam da alma todos os restos de pecado».

A Sagrada Escritura ensina directamente a existência do Purgatório, concedendo a possibilidade duma purificação na vida futura.

Segundo o Livro dos Macabeus (2 Mac 12, 42-45), os judeus oraram pelos caídos em combate, a fim de que o Senhor lhes perdoasse os pecados; e para isso enviaram 2000 dracmas de prata a Jerusalém, para que se fizessem sacrifícios pelos seus pecados.
Estavam, pois, convencidos de que aos defuntos pode-se livrá-los do seu pecado, por meio da oração e do sacrifício.

O próprio hagiógrafo do Livro sagrado, no versículo 45, diz:
«Porém, se considerava-se que uma belíssima recompensa está reservada para os que adormecem na piedade, então era santo e piedoso o seu modo de pensar.
Eis porque ele mandou oferecer esse sacrifício expiatório pelos que haviam morrido, a fim de que fossem absolvidos do seu pecado».

As palavras de Jesus em S. Mateus (12, 32): «Se alguém disser uma palavra contra o Filho do Homem, ser-lhe-á perdoado, mas se a disser contra o Espírito Santo, não lhe será perdoado, nem neste mundo, nem no vindouro»... admitem a possibilidade de que certos pecados se perdoem, ou expiem, não só neste mundo, mas também no futuro.

S. Gregório Magno comenta:
«Nesta frase, dá-se-nos a entender que algumas culpas se podem perdoar neste mundo e outras também no futuro» (Dial. IV 39).

Natureza do suplício do Purgatório:

No Purgatório distingue-se de maneira análoga ao Inferno, por uma pena de dano e outra de sentido.

A Pena de dano consiste no adiamento temporal da visão beatífica de Deus.
Como já aconteceu o juízo particular, a alma sabe que a exclusão é somente de carácter temporal, possuindo a certeza de que no fim possuirá a Bem-aventurança.
(Dz 778)

As Almas do Purgatório têm consciência de serem filhas e amigas de Deus, suspirando por unirem-se intimamente a Ele.
Daí, resulta que essa separação temporal seja para elas mais dolorosa.

À pena de dano, acrescenta-se a pena dos sentidos.
Tendo em conta a passagem de S. Paulo (1 Cor 3, 15), a generalidade dos Santos e dos teólogos supõem a existência dum fogo espiritual, ou mesmo físico, diferente em natureza do nosso fogo terreno, como instrumento externo de castigo.
No entanto, a Igreja, nas suas declarações oficiais, nunca falou em fogo do Purgatório, mas somente nas penas do Purgatório.
(Dz 464, 693)

Objecto da Purificação:

Na vida futura, a remissão dos pecados veniais, ainda não perdoados, efectua-se, segundo a doutrina de S. Tomás de Aquino (De Malo 7, 11), de maneira semelhante a esta vida: Por um acto de contrição perfeita, realizada com a ajuda da Graça Divina.

Este acto de arrependimento, que se faz imediatamente depois de entrar no Purgatório, não causa a supressão ou diminuição da pena (na vida futura não existe a possibilidade de mérito), mas unicamente a remissão da culpa.

As penas temporais, devidas pelos pecados e ainda não satisfeitas, são cumpridas no Purgatório, por meio do sofrimento expiatório; isto é, por meio da aceitação voluntária dos castigos purificadores impostos por Deus.

Duração do Purgatório:

O Purgatório não subsistirá depois de ter tido lugar o Juízo universal. (Sentença comum)

Depois do Soberano Juiz pronunciar a Sua sentença, no Juízo Universal (Mt 25, 34-41), não existirá mais do que dois estados: o do Céu e o do Inferno.

Para cada alma, o Purgatório durará até que se atinja a completa purificação de todo o vestígio de culpa e pena.
Uma vez terminada a purificação, será recebida na Bem-aventurança Celeste. (Dz 530, 693)





= F I M =


+ + + + +
Adaptação:
NOVÍSSIMOS DO HOMEM


sexta-feira, 9 de abril de 2010

A Virgem Santíssima e o Inferno
+ Síntese do Inferno - 1




+ + + + +



A Virgem Maria

E o Inferno



«Amar a Virgem Maria é sinal de predestinação eterna» (S. Bernardo de Claraval).

Maria é a Mãe de Jesus, sendo este o Filho de Deus Vivo.
Qual seria o filho que amasse a sua mãe e que, podendo contentá-la, não o fizesse?
Jesus, porque é Deus, podendo fazer sua Mãe feliz, não pode recusar nada Àquela que nada Lhe recusou.

Faria sentido que Jesus recusasse algo Àquela que venera e ama acima de todas as (demais) criaturas, ao ponto de tê-la escolhido para sua Mãe?
Não faria nenhum sentido.
Por isso, dizemos que Maria é Omnipotente junto de Deus, pelas suas súplicas.

Diz o Evangelho:
«Desceu então com eles para Nazaré e era-lhes submisso».
Se Jesus era submisso a Maria e a José, na Sua vida terrena, por que razão, agora que está glorificado à direita do Pai, não o continuaria a ser na Ordem Divina?
Será que Ele poderia ser tão ingrato, ao ponto de se ter esquecido de Maria e de José?

A grandeza de Jesus, diz S. Paulo, reside no facto de que:
«Ele tinha Condição Divina, e não considerou o ser igual a Deus como algo a que se apegasse ciosamente.
Mas esvaziou-se a Si mesmo, assumindo a condição de Servo e tomando a semelhança humana. E reduzido à figura de homem, humilhou-Se e foi obediente até à morte e morte de cruz!
Por isso, Deus exaltou-O grandemente e agraciou-O com o Nome que está sobre todos os nomes, para que ao Nome de Jesus... toda a língua confesse que Jesus é o Senhor»
(Fl 2, 6-11).

E se Jesus é o Senhor, Maria, a Mãe de Jesus, é a Mãe do Senhor.
Ora, a Mãe de um Rei - «Então, tu és Rei? Respondeu Jesus: "Tu o dizes: Eu sou Rei" » (Jo 18, 37) - é uma Rainha.
E é do senso comum, que o poder de uma Rainha, junto do coração de um Rei, é enorme.

Por isso, repito, os Cristãos afirmam que Maria é toda poderosa junto do Coração de Deus; isto é, junto de Jesus, pois Jesus, como Filho perfeito, deve obediência, no sentido estrito, à Sua Mãe, até mesmo no Céu.
Não porque Maria tenha poder algum por si só. Mas o poder de Maria vem, não d'Ela mesma, mas do seu grande e especial poder de intercessão, já que Deus não quer recusar nada de legítimo Àquela que venera e ama acima de todas as Suas criaturas.
Assim mesmo, não devemos recear venerar Maria, pois é a Deus que veneramos e louvamos em Maria.

Então, se Maria é Omnipotente nas suas súplicas junto de Deus Altíssimo, quem melhor do que Ela, para livrar o pecador do Inferno, senão Aquela que deixou imolar o próprio Filho, a fim de satisfazer a Justiça Divina pelo pecado?

Por isso mesmo, dizia S. Bernardo:
«Se erguem-se as tempestades das tentações, se vos encontrais no meio dos escolhos das tribulações, erguei os olhos para a Estrela do Mar, chamai Maria em vosso auxílio.
Se sois sacudidos à mercê das vagas da soberba, da ambição, da maledicência, da inveja, olhai para a Estrela, invocai a Maria.
Se, perturbados pela grandeza dos vossos crimes, confusos pelo estado miserável da vossa consciência, trespassados de horror com o pensamento do Juízo, começais a soçobrar no abismo da tristeza e do desespero, pensai em Maria, invocai Maria.

«A Sua invocação, o pensamento n'Ela, não se afastem, nem do vosso coração, nem dos vossos lábios.
E para obterdes mais seguramente o auxílio das suas preces, não vos descuideis de imitar os seus exemplos.
Seguindo-a, não vos extraviareis; suplicando-a, não desesperais; pensando n'Ela, não vos perdereis.
Enquanto Ela vos tem na sua mão, não podeis cair; sob a sua protecção, não tendes nada que temer; sob a sua guia, não há cansaço; com o seu favor, chega-se seguramente ao termo».

(Homil. II, De Laudibus Virg. Matris, 17)

Então, apoiemo-nos em Maria e supliquemos Àquela que é a nossa Mãe na ordem da Graça, pois se «Ele predestinou-nos para sermos Seus filhos adoptivos por Jesus Cristo» (Ef 1, 5), então isso significa que somos irmãos de Jesus; e se somos irmãos de Jesus, somos filhos de Maria, pois Maria tomou-nos como seus filhos, quando Jesus disse: «Eis a tua Mãe!» (Jo 19, 27).
Em João, estavas tu e eu, toda a humanidade!
Se somos filhos de Maria, invoquemo-la como Mãe, que o é de facto.
E qual é a Mãe que permanece surda às súplicas de um seu filho em perigo de morte?

Então, supliquemos a Maria, dia e noite, que interceda por nós junto do seu Divino Filho, para que sejamos contados no número dos eleitos, e dessa forma não caiamos naquele sítio que a Sagrada Escritura descreve como o "horror eterno":
«O Senhor Todo-Poderoso puni-los-á no dia do Juízo. Porá fogo e vermes nos seus corpos, e eles chorarão de dor eternamente» Judite (Jd 16, 17).

Por isso, digamos como Job: «O Temor do Senhor, eis a Sabedoria; fugir do mal, eis a Inteligência» (Jó 28, 28).
Pois os olhos do Senhor estão voltados «para o pobre e para o abatido, para aquele que treme diante da Minha palavra» (Is 66, 2).


+ + +




SÍNTESE DO INFERNO


Deus não é Amor para que nós (também) sejamos maus.
Se Deus fosse bom para que nós fôssemos maus, Deus não seria Bom.
«O Temor do Senhor é o princípio da sabedoria» (Prov 1, 7).

Muitos esquecem-se que «a sua Misericórdia perdura de geração em geração, para aqueles que O temem» (Lc 1, 50). E não para aqueles que abusam dessa mesma Misericórdia.
Errar e pecar é humano. Mas amar o pecado e o erro e neles persistir é diabólico.

O Amor de Deus não é um jogo (de sorte ou azar).
Não se é amado incondicionalmente por um Deus Infinito até à morte de Cruz.
Quem não está convencido da plena seriedade da Eternidade, não convence ninguém, e só pregará um evangelho que não é o de Cristo.

Muitos dizem-se tão misericordiosos, mas no fundo são deveras cruéis, pois ao não pregarem abertamente sobre o Inferno e sobre as consequências do pecado, induzem o pecador em erro, levando-o a adiar a sua conversão, e dessa forma conduzem-no ao Inferno, pois este acumula pecados sobre pecados, obstinando-se no pecado, esperançado que um dia terá perdão (mesmo sem o mínimo arrependimento).
Só que, a muitos, a morte surpreende-os, sem terem tempo ou condições para se prepararem convenientemente...

Já dizia Jesus Cristo a Santa Catarina de Sena:
«Por presunção, erroneamente, firmam-se na esperança de serem perdoados, mas continuam a ofender-Me, pensando (mesmo assim) poderem contar com a Minha misericórdia.
Jamais ofereci ou ofereço a Minha misericórdia para que Me ofendam.
A finalidade do Meu perdão é para que, pela Misericórdia, os pecadores se defendam do Demónio e da confusão de espírito.
Mas agem diversamente. Ofendem-Me porque sou Bom!»
(Santa Catarina de Sena, O Diálogo, 14-14)

A vã hipótese duma eternidade sem ninguém que se tenha condenado, ou se vá condenar, seria uma eternidade frívola, não séria, seria como um inferno "light", morno.
Não valeria a pena lutar para evitar o Inferno verdadeiro.

A proposta dos modernistas e relativistas é uma proposta demagógica e autoritária.
Autoritária, porque todos se salvarão, ainda que não queiram ou não mereçam.
Demagógica, porque, como os políticos actuais, fazem promessas fáceis de eterna salvação, que logo não cumprirão, e muitos descobrirão o engano quando já for tarde demais... E a quem reclamarão?

Não que não devamos ter esperança. Mas esta deve ser fundamentada numa procura incessante pelo Rosto de Deus e num afastamento do pecado e das ocasiões que levam a ele.
Apelar à esperança da Salvação, sem apelar para uma vida séria segundo a Moral Cristã, longe do pecado e das suas ocasiões, é pura demagogia.

Se Deus fosse "misericordioso" com todos os homens bons e maus, se concedesse a todos a graça da conversão antes da morte, seria ocasião de pecado até para os bons, pois induziria estes a pecar e a esperar na Sua misericórdia.
Mas não, quando chega ao fim das Suas misericórdias, Deus castiga e não perdoa mais:

«Agora, que chegou o teu fim, vou desencadear a Minha ira contra ti, e julgar-te-ei de acordo com o teu comportamento; farei cair sobre ti as tuas abominações, de acordo com o teu comportamento.
Já não terei um olhar de compaixão para ti; não te pouparei; antes, farei cair sobre ti o teu comportamento, as tuas abominações ficarão expostas no meio de ti, e então sabereis que Eu sou Iavé»
(Ez 7, 3-4); e acrescenta mais:
«O Meu olhar não se compadecerá; eu não pouparei, antes pagar-te-ei de acordo com o teu comportamento» (Ez 7, 9).

Se Deus quisesse, com uma vontade sem limites, a salvação de todos os homens, para quê a Encarnação do Seu Filho?
Para quê a Morte na cruz? Para quê a Igreja? Para quê o Papa, os bispos, os padres, os diáconos? Para quê os Sacramentos, a Liturgia, a Palavra de Deus, a Bíblia?...

O Inferno povoa-se mais com a Misericórdia do que com a Justiça.
Os modernistas de agora querem o Inferno vazio, até evitam falar dele, e tudo o que conseguem fazer é povoá-lo mais.
São os colonizadores do Inferno, pois como não avisam o homem do perigo que é transgredir a Lei de Deus, induzem este a pecar indirectamente e por isso mesmo a perder-se.

Escreve Santo Afonso Maria de Ligório:
«Certo autor indicava que o Inferno se povoa mais pela Misericórdia do que pela Justiça Divina. E assim é, porque, contando temerariamente com a Misericórdia, prosseguem pecando e acabam condenando-se.
Deus é Misericordioso, ninguém o nega. Mas, apesar disso, a quantos hoje em dia manda a misericórdia (desvirtuada) para o Inferno.
Deus é Misericordioso, mas também é Justo, e por isso sente-se obrigado a castigar a quem O ofende».

Ele usa de Misericórdia com os pecadores, mas só com quem, após ofendê-Lo, o lamenta sinceramente, temendo voltar a ofendê-LO:
«A Sua Misericórdia perdura de geração em geração, para aqueles que O temem», cantou a Mãe de Deus.

Com os que abusam da Sua Misericórdia, para desrespeitá-Lo ou desprezá-Lo, Ele usa da Sua Justiça.
O Senhor perdoa os pecados, mas não pode perdoar a vontade de pecar.

Escreve S. Agostinho que: quem peca com esperança de arrepender-se depois de pecar, não é penitente, mas ri-se de Deus.
Ora, S. Paulo advertiu-nos que «de Deus não se zomba» (Gl 6, 7).
Seria gozar a Deus ofendê-Lo como e quanto se quer, e mesmo assim ter a pretensão de ir ao Céu.

Por muito incómodo e insondável que seja para o homem moderno, o que está revelado, revelado está.
E não existe forma alguma de nos evadirmos desta realidade.
Não é pelo infeliz facto de não falarmos ou não acreditarmos no Inferno, que ele deixa de existir e de ser uma espantosa e terrível realidade...


(Continua)