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Preparemo-nos bem para a hora da Morte e do Juízo,
a fim de escaparmos ao Inferno e ganharmos o Paraíso!


quinta-feira, 25 de março de 2010

ARGUMENTOS E PROVAS TEOLÓGICAS
SOBRE O INFERNO ETERNO - I





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PORQUÊ CRIOU DEUS O INFERNO?


Argumentos Teológicos e Racionais



«Afastai-vos de mim, malditos, para o fogo do Inferno, preparado para o Diabo e seus anjos...
E irão estes para o tormento eterno, mas os justos para a Vida eterna»
(Mt 25, 41.46)

Aquele que afirmou:
«Por que não entendeis a Minha linguagem? Por que não podeis ouvir a Minha palavra? Vós tendes por pai o Diabo, e quereis realizar os desejos o vosso pai. Ele foi assassino desde o principio, e não esteve pela verdade, porque nele não à verdade...
Por isso, não acreditais em Mim, porque vos digo a verdade... Se digo a verdade, porque não acreditais? Quem é de Deus, escuta as palavras de Deus; vós não as escutais porque não sois de Deus»
(Jo, 8, 42-47).

Jesus não mente. Ele é a Verdade.
Se Ele afirmou claramente que o Inferno é uma realidade, por que duvidar? Todo aquele que nega a realidade do Inferno, nega que Jesus seja a Verdade, e todo aquele que não crê em Jesus, está escrito:

«Quem crê no Filho têm a Vida eterna; quem se nega a crer no Filho não verá a Vida, mas sobre ele pesa a ira de Deus» (Jo 3, 36).
E ainda: «Quem n'Ele crê não é condenado, mas quem não crê já está condenado, por não crer no Filho Unigénito de Deus» (Jo 3, 18).


Quem é que não acredita no Inferno?
Quem apenas lhe convém que ele não exista.
«De facto, quem pratica o mal odeia a Luz e não se aproxima da Luz, para que as suas acções não sejam desmascaradas. Mas quem pratica a verdade aproxima-se da Luz, de modo a tornar-se claro que os seus actos são feitos segundo Deus» (Jo 3, 20-21).

Jesus referencia aproximadamente 20 vezes o Inferno no Evangelho de S. Mateus, e cerca de 10 vezes fala em 'fogo' (do Inferno)!
E no Novo Testamento afirma-se cerca de 23 vezes que existe fogo.
Porquê esta sua preocupação extrema em alertar-nos frequentemente para a terrível realidade do Inferno, se ele não existisse?

Deus, o Sumo Bem, afirma:
«Por que quereis morrer, casa de Israel? Pois eu não me comprazo com a morte de quem quer que seja - oráculo do Senhor Deus. Convertei-vos e vivei» (Ez 18, 32)
«Porventura, hei-de-me comprazer com a morte do pecador - oráculo do Senhor - e não com o facto de ele se converter e viver?»
(Ez 18, 23).


Deus quis o Inferno?

O Inferno existe, porque existe o pecado!
O pecado é obra do homem e do Demónio; o Inferno é o fruto do pecado.
Deus não quer o Inferno, como nós não queremos as prisões, mas assim como estas devem existir, pelo facto dos homens serem livres e de poderem abusar dessa liberdade; da mesma forma Deus teve de criar o Inferno, para garantir a ordem e a justiça.
Caso contrário, Deus não seria Justíssimo, e se Deus não fosse Justo, seria injusto, e como tal não seria verdadeiro Deus, o que não faz sentido nenhum!
Existe um abismo infinito, em todos os aspectos, entre a criatura e o Criador.
Deus criou o Inferno para castigar o pecado.


Porquê o Inferno é tão terrível?

A Justiça perfeita exige que exista uma proporção entre a magnitude do crime e a magnitude do castigo.
Sendo Deus de Sabedoria, Majestade e Santidade infinitas, e sendo o pecado mortal uma ofensa voluntária contra Deus, encerra em si mesmo uma gravidade e malícia infinitas; logo, o pecador mereceria um castigo infinito.

Como a criatura é finita, e não suportaria tal castigo, proporcional à gravidade da sua culpa, ele, em lugar de ser infinito em intensidade, por permissão divina, será infinito na sua duração.
Além disso, se Deus fizesse um Inferno "light" ou suave, como se diz agora, o pecador seria induzido a pecar indirectamente, pois seria levado a não temer o Senhor, nem os Seus Juízos, já que a punição justa reduzir-se-ia apenas a um ligeiro castigo.

E nesse caso, o próprio Deus seria, ainda que de forma indirecta, como que agente do pecado.
E deste modo, como é que Deus poderia castigar o pecado que ele próprio "induzira"?
Deus, assim, já não seria Justo, Justíssimo, e como tal não seria Deus, pois não pode haver, de modo nenhum, Misericórdia sem Justiça Divina, ao contrário dos que muitos infelizmente pensam ou desejam.


O Inferno é mesmo eterno?

Sim, é eterno, como eternas e perfeitas são a Justiça e a Misericórdia Divinas.
Deus não pode perdoar a quem não quer ser perdoado, o que, a não ser assim, seria uma arbitrariedade e uma tirania.
E como o pecador não quis aceitar o perdão de Deus, e dessa forma ultrajou a Misericórdia Divina, recusando-a deliberadamente, o Senhor deverá exercer a Sua rigorosa Justiça.

Ora, Justiça é dar ou tirar a alguém aquilo que merece ou não por direito.
Como o pecador ofendeu a Deus, o Senhor, pela Sua perfeita Justiça, retira ao pecador tudo aquilo que lhe pertence, ficando o pecador apenas com aquilo que é seu por direito, isto é, com o seu pecado.
Como o fruto do pecado mortal, por ser duma gravidade extrema, é o Inferno, tendo presente a infinita dignidade do Ofendido, o pecador merecerá um Inferno eterno.

Além disso, faria algum sentido que, depois de ser condenado, o Demónio, como sendo a personificação da soberba e de todo o mal, dissesse: "Condenaste-me a um milhão de milênios no Inferno, mas quando eu sair, ajustaremos contas".
Poderia uma Justiça assim ficar satisfeita? Nem a justiça humana, quanto mais a Justiça Divina.
Além de que, se as penas do Inferno não fossem perpétuas, a felicidade dos eleitos, por analogia, também não seria eterna, e estes, ao saberem que o Céu não era eterno, não teriam a felicidade perfeita, e logo o Céu deixaria de ser Céu, o que não faz nenhum sentido, absolutamente.


Mas parece não existir proporção alguma
entre 50 ou 60 anos de pecado
e uma eternidade no Inferno.

Quando um assassino mata alguém, demorando apenas 5 minutos, isso não significa que só mereça ser castigado por 5 minutos, por mais grave que seja a pena.
Assim como um pedófilo que demorasse uma hora a violar uma criança não mereceria uma punição de apenas uma hora.
A justiça humana diz que não, pois isso repugna à inteligência humana.

Então, o castigo é dado, não em função do tempo que demorou a ser executado o crime, mas em atenção à sua gravidade intrínseca.
Como um crime (pecado mortal) cometido contra Deus, é de gravidade infinita, merece uma condenação proporcional à magnitude do crime cometido.


A finalidade dum castigo não é também
a recuperação daquele que faz o mal?

Existem duas espécies de castigo: Uma para corrigir, e outra para satisfazer a Justiça.
Para corrigir, serve-se Deus das tribulações desta vida: «Meu filho, não desprezes a disciplina de Javé, nem te canses com a Sua exortação; porque Javé repreende os que Ele ama, como um pai ao filho preferido» (Pv 3, 11-12).
Porém, se mesmo assim o pecador faz-se surdo ao apelos divinos, e despreza o seu Criador e as Sua Leis, implícita ou explicitamente, a Justiça Divina exige que o mal efetuado seja satisfeito.

Se o pecador não quis reparar o seu pecado neste mundo de provação, enquanto podia e devia, então deve satisfazê-lo na Eternidade.
Se Deus, por Amor e Justiça, ameaça o homem com as penas do Inferno, não o faz em vão, e por isso Ele deve levar a cabo a Sua ameaça, se o homem não observa a Sua Lei e continua a pecar.
Deus não é "só" infinitamente Bom e Santo. Ele é também infinitamente Justo e Sábio.
«O Senhor daquele servo virá, em dia imprevisto e hora ignorada. Ele parti-lo-á ao meio e impor-lhe-á a sorte dos hipócritas. Aí, haverá choro e ranger de dentes» (Mt 24, 50).


A maioria dos homens
só peca temporariamente,
esperando arrepender-se depois.

Quem morre em pecado mortal manifesta que não se arrependeu.
No entanto, essa suposta esperança num arrependimento futuro é uma ilusão vã e imoral.
Ilusão vã, porque, sem a Graça de Deus, o pecador não pode sair do seu pecado; isto é, sem a graça do arrependimento, que Deus não é obrigado a dar a ninguém, e que até pode negá-la, em face de tanta ingratidão do pecador.

O que se lança a um poço, dele não pode sair sem alguém que o ajude, resignando-se a permanecer nele eternamente se alguém de cima não lhe estender uma corda, corda essa que ninguém está obrigado a estender-lhe, em função da temeridade ou impossibilidade.
Ilusão imoral, porque se apoia precisamente apenas na Misericórdia de Deus, para assim poder ofendê-Lo mais facilmente, sem receio de castigo.


Se Deus é infinitamente Bom e Pai
de todos os homens, como pode então
condenar alguém a penas eternas?

Deus é infinitamente Bom, mas também é infinitamente Justo (simultânea e harmoniosamente), sendo a Sua Justiça imensamente séria e rigorosa.
A Justiça Divina assinalou um prazo máximo para o exercício incondicional e total da Sua Misericórdia: a hora da morte (passagem para e Eternidade).
Sendo que a infinita Seriedade e Perfeição de Deus impede-O de voltar atrás, oferecendo ao pecador uma nova oportunidade de salvação, depois deste ter injuriado ou menosprezado a Misericórdia Divina.

Se Deus voltasse atrás na sua decisão, estava a autorizar os pecadores a injuriá-Lo indefinidamente.
Se Deus perdoasse ilimitadamente ou em todas as circunstâncias, como sem bastante arrependimento e para além da morte, estava a induzir o pecador a pecar e a rir-se d'Ele, no tempo e na Eternidade, e então era um Deus pouco sério e nada justo; ou seja, não era verdadeiramente Deus.

Além disso, não é rigorosamente verdade que todos somos filhos de Deus:
Todos somos criaturas de Deus, mas não filhos.
A tal respeito, Jesus é bem claro, ao dizer:
«Se Deus fosse vosso Pai, vós Me amaríeis, porque saí de Deus e d'Ele venho... Vós sois do Diabo, vosso pai, pois quereis realizar os desejos do Diabo...
Quem é [filho] de Deus, ouve a Palavra de Deus; se não a ouvis, é porque não sois [filhos] de Deus»
(Jo 8, 42.44.47).
De facto, só é verdadeiramente filho de Deus, irmão de Jesus Cristo e templo vivo do Espírito Santo, quem é baptizado e vive na Graça de Deus.

E diz mais S. João: «Aquele que comete pecado é do Diabo, porque o Diabo é pecador desde o princípio. Por isso, é que o Filho de Deus se manifestou: para destruir as obras do Diabo...
Nisto se revelam os filhos de Deus e os filhos do Diabo: Todo aquele que não pratica a justiça não é de Deus, nem aquele que não ama o seu irmão»
(1 Jo 3, 8.10)

Então, existem os filhos de Deus e os filhos do Diabo.
Quem comete pecado mortal e nele morre, renuncia voluntariamente à Paternidade Divina, mormente sabendo que fere a Deus infinitamente - ver Deus Vivo e Crucificado, no meio de tormentos inenarráveis! -, e por isso mesmo não pode se considerado Seu filho.
E não é filho porque não o quis, voluntariamente, sendo para sempre filho do Diabo.
Só é realmente filho de Deus quem vive na Graça de Deus, ou pelo menos, quem se esforça, tanto quanto possível, por cumprir todos os Mandamentos de Deus, invocando-O e respeitando-O como Pai.


Por que é que Deus,
sendo infinitamente Bom
e prevendo que uma alma iria
para o Inferno, mesmo assim a criou?

Consideremos, pois, que Deus não tinha criado os "maus", mas só os "bons"...
Estes, "os bons", não poderiam ser livres, pois não teriam a possibilidade de escolha, tendo assim de ser "bons", quer quisessem ou não...
Ora, isso significaria que Deus era um tirano, como se tivesse criado homens-robôs, desprovidos de consciência e de livre-arbítrio.

Aonde pararia, então, a dignidade e a responsabilidade humana de, paradoxalmente, sermos criados... "à imagem e semelhança de Deus", mas não sermos livres?
Qual seria, afinal, a Glória de Deus, ao ser servido por seres desprovidos de vontade e liberdade?

Ao argumentarmos assim, estamos a colocar o homem ao nível do animal irracional, o que repugna à inteligência humana e divina.
Além de que, se Deus, levado apenas ou supostamente pela Sua infinita Misericórdia, não criasse senão aqueles que iriam salvar-se, mesmo que estes fossem criados com alguma liberdade, aconteceria que tais seres humanos podiam burlar a Deus, pecando incessantemente contra cada um dos Mandamentos Divinos.

Nem sequer seria necessário arrependerem-se dos seus pecados, já que Deus teria forçosamente que perdoar-lhes, mais tarde ou mais cedo.
Pelo que, depois de terem sofrido, provavelmente, uma determinada pena reparadora no Purgatório, entrariam finalmente no Céu, sem qualquer arrependimento, nem sequer um simples pedido perdão a Deus!

Quem não vê nisto uma espantosa aberração ou monstruosidade!
Deus ficaria escravo do pecador, pois estaria à mercê dos seus caprichos...
Que triste Deus seria o nosso, um Deus escravo da sua criatura!
Numa só palavra, um "deus" hipoteticamente a existir desse modo, não seria verdadeiro Deus!




Então, Deus não deveria
ter criado os homens e o mundo.

Mas aí ou desse modo, seria Deus que não era livre...
Visto que, só para evitar que algumas almas cometessem alguns crimes e fossem parar ao Inferno, deixaria de criar aqueles que O serviriam e amariam por toda a Eternidade, voluntariamente e por sua livre escolha.
E assim o mal triunfava sobre o Bem; ou seja, para evitar o mal, aniquilava-se o Bem.

Aonde estaria, então, Liberdade Divina?
Seria um Deus escravo do mal, que em atenção a este não poderia criar o bem.
Este argumento, também ele, repugna à nossa inteligência.


Nesse caso, Deus deveria aniquilar
o pecador, fazendo-o voltar ao nada,
de onde foi criado.

Com este argumento, colocaremos Deus ainda abaixo de Hitler.
Este matava os corpos, mas Deus, por essa forma de pensar, mataria os corpos e as almas, ao aniquilar o pecador.
O aniquilamento integral pressupõe uma rectificação da Obra de Deus, por parte do mesmo Deus, enquanto é a criatura culpável, e não o Criador, quem deve rectificar.
Além de que Deus seria injusto ao dar o mesmo castigo a todos os condenados que pecaram em graus muitos diferentes de maldade e malícia.

Acresce que o aniquilamento igualaria todos os condenados num mesmo e idêntico castigo para todos.
Ora, a Justiça Divina exige que não se castigue por igual aos que fizeram pecados de graus desiguais e variadíssimos.

Paralelamente, o aniquilamento impossibilitaria a Glória de Deus, através da Sua Justiça perante toda a criação.
Deus nunca poderia receber Glória pelo simples facto de assim parecer mais Justo, já que a Justiça com o aniquilamento não poderia ser exercida.
O nosso Deus seria um Deus finito e limitado, e como tal não seria verdadeiro Deus.

O problema deste argumento é que desconhecemos na totalidade a Natureza Divina.
Deus é um Ser Infinito em todos os Seus Atributos e Perfeições.
Se Ele é Infinito e Santíssimo em tudo, também o é, igualmente e sem diferença alguma, na sua Bondade e Justiça (e não apenas ou principalmente na sua imensa Misericórdia).

Efectivamente, quando Deus criou o homem, criou-o à Sua imagem e semelhança.
«Façamos o ser humano à nossa imagem e semelhança...» (Gn 1, 26).
Como Deus é Eterno, Ele mesmo, ao criar o homem, não o criou para o tempo, mas para a Eternidade, pois criou-o à Sua imagem e semelhança; isto é, criou-o com uma alma imortal; criou-o no tempo, mas para toda a Eternidade.

«Assim mesmo raciocinam os ímpios (os 'sem Deus'), mas enganam-se, porque a sua maldade cega-os.
Eles ignoram os segredos de Deus, não esperam o prémio pela santidade, não crêem na recompensa das vidas puras.
Deus criou o homem para a incorruptibilidade e fê-lo à imagem da Sua própria Natureza Divina; tendo sido por inveja do Diabo que a morte (eterna) entrou no mundo, experimentando-a quantos são do seu partido»
(Sb 2, 21-24).

Deus não se contradiz a Si mesmo: Depois de dar, Ele jamais volta atrás.
«Porque os dons e a vocação de Deus são irreversíveis» (Rom 11, 29).
«A Glória de Israel não mente nem se arrepende, porque ela não é pessoa para se arrepender» (1 Sm 15, 29).

Deus jamais poderia chamar à existência um ser feito à Sua própria imagem e semelhança, em ordem à incorruptibilidade, e logo de seguida aniquilar o pecador(voltando a reduzi-lo ao nada), só porque as suas opções livres, baseadas na Liberdade Divina, não foram de acordo com a Sua Vontade.
Pois então Ele não seria um Deus infinitamente Bom e Justo, mas como que um déspota, na medida em que criava e destruía por mero capricho pessoal.

Se assim fosse, o nosso Deus seria imperfeito, e como tal não seria verdadeiro Deus.
A morte que refere a Sagrada Escritura, quando fala dos ímpios, ou "sem Deus", não é o aniquilamento integral, mas a morte espiritual, mais conhecida como "morte eterna", ou Inferno, na linguagem cristã.


Paralelamente, se fosse verdade o 'aniquilamento' dos ímpios (o seu regresso ao 'nada'), a bíblia estaria a mentir, pois afirma claramente:
«O fumo do seu tormento subirá pelos séculos dos séculos» (Ap 14, 11).
«O Diabo, que os tinha enganado, foi precipitado no lago de fogo e enxofre, onde também estão a besta e o falso profeta. Aí, serão atormentados de dia e de noite, pelos séculos dos séculos» (Ap 20, 10)

Sendo atormentados pelos séculos dos séculos, é sinal e prova que não foram aniquilados.
Se fossem aniquilados, como defendem alguns hereges e apóstatas, então a Palavra de Deus é mentirosa, pois afirma precisamente o contrário.
O Senhor Jesus diz:
«Estes irão para o tormento eterno, mas os justos irão para a Vida eterna» (Mt 25, 46).
Como poderia o seu tormento ser eterno, se tivessem sido aniquilados por Deus?

Além disso, por que é que Deus não destruiu também Satanás e todos os demónios (como eis-anjos rebeldes que foram e que são)?
Em vez de destruí-los, pura e simplesmente, criou para eles mesmos o Inferno...
«Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o Diabo e seus anjos» (Mt 25, 41).
O homem foi criado livre, à imagem e semelhança de Deus, e como tal foi criado para o mérito ou desmérito.
Deus manifesta mais o seu Poder e a sua Glória na conservação dos seres humanos que criou, do que na sua total destruição.

Só acredita na aniquilação integral do pecador quem está fora da Verdade e a caminho do Inferno, pois um dos pecados contra o Espírito Santo, que não tem perdão neste mundo e na eternidade, é
«negar a verdade conhecida como tal».
Foi o pecado dos Fariseus, pois conheciam a verdade, mas não a queriam aceitá-la como tal.

«Todos os pecados e todas as blasfémias que proferirem os filhos dos homens, tudo isso lhes será perdoado [em caso de arrependimentlo]; mas quem blasfemar contra o Espírito Santo nunca mais terá perdão, pois é réu de castigo eterno» (Mc 3, 28-29).
«A todo aquele que disser uma palavra contra o Filho do Homem, poder-se-á perdoar; mas a quem tiver blasfemado contra o Espírito Santo, jamais se perdoará» (Lc 12, 10).

«Se alguém disser uma palavra contra o Filho do Homem, ser-lhe-á perdoado, mas se for dita contra o Espírito Santo, não lhe será perdoado, nem neste mundo nem no vindouro» (Mt 12, 32).
Reparemos na expressão «nem no vindouro», o que significa que nunca, nem no mundo que há-de vir, tais infelizes terão perdão.
E para não terem perdão, eles terão de existir, pois não se perdoa algo a quem não existe.

O grande mal de muitos homens é a sua soberba descomunal, julgam-se melhores do que Deus ou superiores a Ele!
E querem impor ao Criador o que consideram ser ou não ser justo, segundo a sua tacanha e arrogante inteligência.
Se Deus nos revelou que o Inferno existe e nos colocou de sobreaviso em relação a ele, mais vale escutá-Lo e respeitá-Lo, humilde e fielmente, do que construir teorias no ar, e deste modo acabarmos por cair nesse mesmo abismo eterno, por nos recusarmos, rebelde e estultamente, a acreditar no óbvio.


É impressionante o relato de Santa Faustina, pois constatou que a maior parte dos que estavam no Inferno não acreditavam nele.
E é lógico, pois como não acreditavam, não procuraram evitá-lo, ou quando acreditaram já era tarde demais.

O Inferno é um tremendo Mistério!
Mas um mistério é algo que existe, mas que não pode caber na nossa inteligência limitada, ou que não é explicável por esta.
O facto de eu não saber explicar o que é o Amor, não significa que ele não exista. Sinto-o, mas não sei explicá-lo. E no entanto, o Amor existe.
O Amor é um grande mistério, embora seja profundamente real.

O Inferno, segundo a Revelação Divina, é algo absolutamente real, mas como desconhecemos os termos "infinito", "natureza divina", "fealdade do pecado", "suplício eterno", etc., não conseguimos senão dar dele uma pálida imagem, o que mesmo assim ajuda a perceber o porquê da sua existência.

O grande mistério do Inferno é o facto de, apesar de Deus desejar loucamente a nossa salvação - contemplemos Jesus Crucificado -, nós sermos capazes de nos condenarmos.
Deus criou-nos livres e quer que nos comportemos como tais.
Negar a possibilidade de alguém se condenar, é negar a liberdade do homem; é anular o próprio homem.
Se o homem não fosse livre para dizer "não" a Deus, também não o seria para dizer "sim".

Logicamente, ainda que insensata e tragicamente, a possibilidade de optar por Deus inclui também possibilidade de rejeitá-Lo.
Afirmar e acreditar que existe o Inferno é levar a sério, responsavelmente, a liberdade humana.
Deus oferece generosamente a todos a Salvação eterna, mas não a impõe a ninguém.

O Inferno equivale ao respeito de Deus pela última vontade do homem.
Se o pecador elege livremente o pecado, sem qualquer arrependendimento, Deus respeita essa sua vontade, por mais negativa e nociva que seja, embora naturalmente com imenso desgosto.
E assim como com a morte termina a liberdade humana, assim mesmo o pecador ficará por toda a eternidade.


Como devemos proceder
para evitarmos o Inferno?

Jesus disse: «Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vem ao Pai, a não ser por Mim» (Jo 14, 6).
«Pilatos perguntou-Lhe: "Então, tu és rei?"
Respondeu-lhe Jesus: "Tu o dizes: Eu sou Rei. Para isso nasci e para isso vim ao mundo: para dar testemunho da Verdade. Quem é da verdade escuta a Minha voz" »
(Jo 18, 37).

Jesus, o Filho de Deus Vivo, foi claro como a água, ao afirmar que era a Verdade e o Caminho.
Ele próprio acrescentou: «Disse-vos que morrereis nos vossos pecados, porque se não crerdes que "eu sou", morrereis nos vossos pecados» (Jo 8, 24).
«Se alguém guardar a Minha palavra, jamais provará a morte» (Jo 8, 52).
«Eu sou a Ressurreição. Quem crê em Mim, ainda que morra, viverá. E quem vive e crê em Mim, jamais morrerá. Crês nisso?» (Jo 11, 25-16).

S. Paulo afirma: «Ora, sem a Fé é impossível ser-Lhe agradável. Pois aquele que se aproxima de Deus deve crer que Ele existe e que recompensa os que O procuram» (Hb 11, 6).


O que é necessário fazer
para não ir para o Inferno?

Sendo Jesus a Verdade, Ele não mente.
Jesus disse: «O que pedirdes em Meu nome, Eu vo-lo darei, a fim de que o Pai seja glorificado no Filho. Se me pedirdes algo em Meu nome, Eu vo-lo darei» (Jo 14, 13-14)
«Em verdade, em verdade, vos digo: o que pedirdes ao Pai, ele vos dará em Meu nome. Até agora, nada pedistes em Meu nome; pedi e recebereis, para que a vossa alegria seja completa» (Jo 16, 23-24).

«Pedi e vos será dado; buscai e achareis; batei e vos será aberto; pois todo o que pede recebe; o que busca acha, e ao que bate se lhe abrirá.
Quem, dentre vós, dará uma pedra a seu filho, se ele lhe pedir pão? Ou lhe dará uma cobra, se ele lhe pedir peixe? Ora, se vós, que sois maus, sabeis dar boas coisas aos vossos filhos, quanto mais o vosso Pai, que está no Céu, dará coisas boas aos que lhas pedirem»
(Mt 7, 7-10).

«E tudo o que pedirdes com fé, em oração, vós o recebereis» (Mt 21, 22)
«A fim de que tudo o que pedirdes ao Pai, em Meu nome, Ele vos dê» (Jo 15, 16)
Então, para não irmos para o Inferno, devemos pedir ao Pai, em nome de Jesus, que salve eternamente a nossa alma.
É tão simples como isso; isto é, devemos rezar, sempre.
Dizia S. João Crisóstomo que «orar é falar com Deus» (Orat I de. orat. dominic: MG 44, 1125).

Então devemos, nas nossas «conversas com Deus», pedir a graça da -Salvação eterna da nossa alma.
Pedir e pedir incessantemente, eis o que Deus pede ao homem adulto que faça, se quer salvar-se.
Dizia Santo Afonso Maria de Ligório, que todos os condenados se perderam porque não rezaram.
Se tivessem rezado, ter-se-iam salvo. E acrescentava:

«Quem reza salva-se, quem não reza perde-se».
E por que rezar? Porque a oração pressupõe humildade. Só reza quem é humilde e se sente criatura de Deus.
O pecador não quer rezar, porque isso seria reconhecer-se criatura de Deus, e isso ele não suporta.
Por isso, não reza e por isso se perde.
Já dizia Santa Teresa d'Ávila, «Quem pede, alcança, quem não pede, não alcança».


Não resisto a citar pertinentemente Santo Afonso Maria de Ligório, no seu tratado da "Preparação para a Morte":
«Coloquemos, portanto, fim a este importante capítulo, resumindo todo o escrito e deixando bem clara esta afirmação: O que reza, salva-se certamente; e o que não reza, certamente condena-se».

Se deixarmos de lado as crianças,
«todos os Bem-aventurados se salvaram porque rezaram, e os condenados se condenaram porque não rezaram.
E nenhuma outra coisa lhes produzirá no Inferno mais espantoso desespero do que pensarem que lhes tinha sido coisa fácil a salvação, pois a teriam conseguido pedindo a Deus as Suas graças, e que serão eternamente desgraçados porque passou o tempo da oração»
(C
f. Preparação para a Morte, cap XXX, 2)

Muitos pedem, mas não pedem o essencial.
Pedem dinheiro, riquezas, saúde, amor, felicidade, solução para os problemas, mas não pedem o essencial: a salvação eterna da sua alma.
E como não pedem o Deus das coisas criadas, mas as coisas criadas de Deus, não terão umas nem as outras.
«Buscai, em primeiro lugar, o Reino de Deus e a sua Justiça, e todas essas coisas vos serão acrescentadas» (Mt 6, 33); pois «onde está o teu tesouro aí estará também o teu coração» (Mt 6, 21).

Pedir a graça da Salvação eterna, pedir a graça de ser santo e de ir para o Céu. E rezar incessantemente, enquanto durar a nossa vida sobre a terra.
Eis o que devemos fazer para não irmos para o Inferno, e para irmos, sim, para o Céu.
«E quando orares... entra no teu quarto e, fechando porta, ora ao teu Pai, que está lá, em segredo; e o teu Pai, que vê em segredo, recompensar-te-á» (Mt 6, 5-6).

«Entrai pela porta estreita, porque largo e espaçoso é o caminho que conduz à perdição. E muitos são os que entram por ele.
Estreita, porém, é a porta e apertado é o caminho que conduz à Vida, e poucos são os que o encontram»
(Mt 7, 13-14).






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Fonte-guia:
Últimas e Derradeiras Graças


Adaptação:
Nova Evangelização
Católica

segunda-feira, 15 de março de 2010

Novísssimos - Introdução sobre:
INSOFISMÁVEIS TESTEMUNHOS
DO INFERNO




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PROVAS MAIS DO QUE

EVIDENTES

DA REAL EXISTÊNCIA DO

INFERNO



A Justiça exige que à gravidade da culpa
corresponda a magnitude da pena.

E Deus, como diz São Pio X,
«premeia os bons e castiga os maus,
porque é Justiça Infinita».


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O INFERNO, SEGUNDO
SANTA FAUSTINA KOWALSKA
(Mensageira da Divina Misericórdia)



" Hoje, conduzida por um Anjo, fui levada às profundezas do Inferno.
É um cavernoso lugar de grandes suplícios, e como é abissal a sua vastidão!
Eis os diferentes tormentos que vi:

O primeiro castigo, que constitui o Inferno, é a perda de Deus.
O segundo castigo é o perpétuo remorso da consciência.
O terceiro castigo é o de que
essa condição nunca mudará.
O quarto castigo é o do fogo que penetra a alma, embora sem a destruir; sendo um sofrimento terrível, um fogo puramente espiritual, aceso pela Ira de Deus.

O quinto castigo é a contínua treva e um horrível cheiro sufocante; e embora haja escuridão, os demónios e as almas danadas vêem-se mutuamente, reconhecendo todo o mal, quer de si mesmos, quer dos outros.
O sexto castigo é
a
constante companhia de Satanás.
O sétimo castigo é
o tremendo desespero e o ódio a Deus, as maldições, pragas e blasfémias.

Estes são os tormentos por que todos os condenados, em conjunto, passam, mas não se acabam aqui os suplícios.
Há outros dirigidos a alguns réprobos em especial, que são as '
penas dos sentidos':
Cada alma é atormentada no sentido com que pecou, de maneira horrível e indescritível.

Existem pavorosas prisões subterrâneas, cavernas e poços de tormento, onde cada tortura difere da outra.
Eu teria morrido só de ver essas terríveis expiações, se não fora a Omnipotência de Deus haver-me amparado.

Que todo o pecador saiba que, em cada um dos seus sentidos com que pecou,
há-de vir a ser atormentado por toda a eternidade.
Escrevo isto por ordem de Deus, para que nenhuma alma se desculpe, dizendo que não há Inferno, ou que ninguém lá esteve e por isso não se sabe como ele é...

Eu, irmã Faustina, por desígnio de Deus, visitei o abismo do Inferno, para que o possa noticiar às almas e testemunhar que ele existe.
Sobre ele, não me é permitido falar agora, mas tenho ordem de Deus para deixar isto por escrito.

Os demónios estavam cheios de ódio de mim; todavia, pela Vontade de Deus, eram obrigados a obedecer-me.
E o que acabei de descrever dá apenas
uma pálida imagem das coisas que vi.

Notei, no entanto, uma coisa:
A maior parte das almas que lá estão é justamente a daqueles que não acreditavam que o Inferno existe.

Quando voltei a mim, quase que não podia refazer-me do terror daquela visão.
Como as almas sofrem horrores no Inferno!

Por isso, rezo com mais fervor ainda pela conversão dos pecadores.
Rogo incessantemente à Misericórdia de Deus para todos eles.

'Ó meu Jesus, preferia sofrer a maior agonia, até ao fim do mundo, do que Vos ofender com o menor pecado que fosse'. "

('Diário da Irmã Faustina', Caderno II, 741)



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A VISÃO DO INFERNO, SEGUNDO
OS VIDENTES DE FÁTIMA, PORTUGAL


" Nossa Senhora:
«Sacrificai-vos pelos pecadores, e dizei muitas vezes, em especial sempre que fizerdes algum sacrifício:
'Ó meu Jesus, é por Vosso amor, pela conversão dos pecadores e em reparação dos pecados cometidos contra o Imaculado Coração de Maria' ».

Irmã Lúcia:
Ao dizer estas últimas palavras, abriu de novo as mãos, como nos dois meses anteriores.
O reflexo pareceu penetrar a terra, e vimos como que:

Um mar de fogo, e mergulhados nele, estavam os demónios e as almas, como se fossem brasas transparentes e negras ou bronzeadas, com forma humana, que flutuavam no incêndio, levadas pelas chamas que delas mesmas saíam, juntamente com nuvens de fumo, caindo para todos os lados, semelhante ao cair das fagulhas nos grandes incêndios, sem peso nem equilíbrio, entre gritos e gemidos de dor e desespero, que horrorizavam e faziam estremecer de pavor!
Os demónios distinguiam-se por formas horríveis e asquerosas, de animais espantosos e desconhecidos, mas transparentes como negros carvões em brasa!

(Deve ter sido ao deparar-me com essa terrível visão, que exclamei um «ai!», que alguns dizem ter-me ouvido).

Assustados e como a pedir socorro, levantámos a vista para Nossa Senhora, que nos disse com bondade e tristeza:

«Vistes o Inferno, para onde vão as almas dos pobres pecadores.
Para salvá-las, Deus quer estabelecer no mundo a
devoção ao meu Imaculado Coração.

«Se fizerem o que Eu vos disser, salvar-se-ão muitas almas e terão paz.
A guerra vai acabar, mas, se não deixarem de ofender a Deus, começará outra ainda pior.

«Quando virdes uma noite alumiada por uma luz desconhecida, sabei que é o grande sinal que Deus vos dá, de que vai punir o mundo dos seus crimes, por meio da guerra, da fome e de perseguições à Igreja e ao Santo Padre.
Para a impedir, virei pedia a Consagração da Rússia a meu Imaculado Coração, e a
Comunhão reparadora nos primeiros Sábados.

«Se atenderem aos meus pedidos, a Rússia converter-se-á e terão paz; se não o fizerem, espalhará os seus erros pelo mundo, promovendo guerras e perseguições à Igreja.
Os bons serão martirizados; o Santo Padre terá muito de sofrer; várias nações serão aniquiladas.

«Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará.
O Santo Padre consagrar-me-á a Rússia, que se converterá, e será concedido ao mundo algum tempo de paz.
Em Portugal, conservar-se-á sempre o Dogma da Fé...

[Etc - Segue o Terceiro Segredo de Fátima]...
«Isto, não o digais a ninguém. Ao Francisco, sim, podeis dizê-lo.

«Quando rezardes o Terço, dizei, depois de cada Mistério:
'Ó meu Jesus, perdoai-nos e livrai-nos do fogo do Inferno; levai as almas todas para o Céu, principalmente as que mais precisarem'» "

(Aparição de 13 de Julho de 1917, Sexta-feira)


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O INFERNO, SEGUNDO
SANTA TERESA D'ÁVILA
(Doutora da Igreja)


" Estando um dia em oração, achei-me de repente, sem saber como e segundo me parece, toda metida no Inferno.
Entendi que o Senhor queria que eu visse o lugar que os demónios lá me tinham preparado, e que eu havia merecido pelos meus pecados.

Foi de brevíssima duração, mas, embora tivesse sido já há muitos anos, parece-me impossível esquecê-lo.
A entrada (do Inferno) pareceu-me à maneira dum beco muito comprido e estreito, semelhante a um forno muito baixo, escuro e apertado.

O chão pareceu-me de água com lodo muito sujo e de cheiro nauseabundo, cheio de lagartixas peçonhentas.
No fundo, havia uma concavidade aberta numa parede, à maneira dum armário, onde me vi metida com muito aperto.

Tudo isso, porém, eram deleites, em comparação com o que ali vi e senti...
Senti um grande fogo na alma, que não entendo como se pode dizer e de que maneira ele é.
As dores corporais são tão insuportáveis, que eu, nesta vida, apesar de já as ter sofrido tão intensamente, tudo isso é nada em comparação com o que ali senti.


E segundo dizem os médicos, tive dos maiores sofrimentos que neste mundo se poderão padecer.
Foi por terem-se-me encolhido os nervos, ficando entrevada, além doutros tormentos diversos e muito variados, tendo sido alguns, como tenho dito, causados pelo Demónio.

Pois tudo isso foi nada, em comparação com o que ali [no Inferno] vi e senti, sabendo que essas penas não mais haviam de ter fim.
E no agonizar da alma: um aperto, uma sufocação, uma aflição tão sensível e com tão desesperado e aflitivo descontentamento, que eu não sei explicar.
Porque o dizer que isso é uma sensação de ver arrancada a alma, é pouco, por assim parecer-nos que alguém põe termo à vida; mas ali é a própria alma que se despedaça continuamente, para sempre.

O facto é que eu não sei como entender aquele fogo interior e aquele desespero, sobrepostos a tão gravíssimos tormentos e dores.
Não percebia como assim tanto sofria, mas sentia-me a ser queimada e retalhada, ao que me parece; e digo que aqueles fogo e desespero interior são os mais dolorosos.

Estando em tão pestilencial lugar, tão desesperada de toda a consolação, não havia como sentar-me ou deitar-me, não havia um sítio espaçoso, porque puseram-me nesta espécie de buraco feito na parede; porquanto estas paredes, que são espantosas à vista, apertam por si mesmas e tudo sufocam.


Não há luz, pois tudo são trevas escuríssimas.
Eu não entendo como pode ser isto, porque, não havendo luz, vê-se tudo o que à vista pode causar horror.

Não quis o Senhor que eu, então, visse mais nada de todo o Inferno; porém, depois tive outra visão de coisas terríveis, sobre o castigo de alguns vícios.
Quanto à vista, pareceu-me ainda muito mais espantoso, mas como não sentia o tormento, não me causara tanto horror como na visão anterior, em que o Senhor quis que eu verdadeiramente sentisse aquelas dores e aflições no espírito, como se o corpo também as estivesse a padecer.

Não sei como foi isso, mas bem compreendi ser grande mercê, pois o Senhor quis apenas que eu sentisse, numa visão brevíssima, do que me tinha livrado as Suas infinitas Misericórdia e Justiça.
Porque não é nada somente ouvir falar disso, nem por eu já ter meditado sobre esses tormentos - embora poucas vezes o fizesse, que só pelo caminho do temor não vai bem a alma -, nem sequer por os demónios atenazarem-me com vários suplícios que tenho padecido.

Não, nada há como as penas infernais, porque se trata doutra coisa (imensamente pior).
Enfim, são tão diferentes como a pintura o é da realidade; ou seja, o queimar-se aqui no mundo é muito pouco, em comparação com esse fogo de lá...

E assim, não me recordo que tenha sofrido tribulações e dores, mesmo das maiores que na terra se podem pedecer, que não passem de ninharias, comparativamente; pelo que julgo que, em grande parte, nos queixamos demasiado e sem razão.
Portanto, volto a dizer que isso foi uma das maiores mercês que o Senhor me tem concedido, o que me tem aproveitado muitíssimo, tanto para perder o medo de todas as tribulações e provações desta vida, como para esforçar-me a suportá-las com paciência e resignação, dando por isso muitas graças ao Senhor, que me livrou assim, ao que agora me parece, de penas e sofrimentos imensamente maiores, tão horríveis e perpétuos.

De então para cá, como digo, o pior deste mundo parece-me fácil e aprazível, em comparação com o dolorosíssimo momento que no Inferno eu vi e padeci.
Tendo lido muitas vezes livros que dão algumas ideias aproximadas das penas do Inferno, espanta-me deveras como não as temia suficientemente, preocupando-me muito pouco com a sua verdadeira natureza e realidade.

Deste modo, sinto imensa pena das almas que se podem condenar eternamente - dos protestantes em especial, porque já eram, pelo Baptismo, membros da Igreja -, obtendo assim grande zelo de salvar almas, de tal modo me parece certo que, para livrar uma só alma de tão gravíssimos e eternos tormentos, padeceria muitas vidas e mortes de boa vontade. "

(Santa Teresa de Jesus, 'Livro da Vida', Cap. XXXII)


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O INFERNO, SEGUNDO
SANTA JOSEFA MENENDEZ


" Vi muita gente do mundo a cair no Inferno, e agora as palavras não podem descrever, nem por assombro, os seus horríveis e espantosos gritos:
'Condenado para sempre... Eu me enganava a mim mesmo... Estou perdido... Estou aqui para sempre, eternamente!'

Os ruídos de confusão e blasfémias não cessam, nem por um instante.
Um nauseabundo odor asfixia e corrompe tudo; é como queimar carne putrefacta, misturada com alcatrão e enxofre...
Uma mistura a que nada na terra pode ser comparável.

Comecei a ouvir muitos gritos, e de seguida encontrei-me numa passagem muito estreita.
Na parede existia uma espécie de nichos, donde sai muito fumo, mas sem chama e com muito mau odor.
Eu não posso dizer o que se ouve, toda a classe de blasfémias, de palavras impuras e terríveis.

Uns maldizem o corpo... Outros maldizem seu pai ou sua mãe...
Outros reprovam-se a si mesmos, por não terem aproveitado tal ocasião, tal luz, a fim de abandonarem o pecado.

Enfim, é uma confusão tremenda de gritos de raiva e desespero...
Mas o que não tem comparação com nenhum tormento é a angústia que sente a alma, vendo-se separada de Deus.
Para poder livrar-me do Inferno, e eu que sou tão medrosa para sofrer, nem sei ao que estou disposta.

Não sei dizer o que sofro... É tremenda tanta dor...
Parece que os olhos saíram do seu lugar; é como se mos tirassem, arrancando-os...
Os nervos contraem-se. O corpo está como dobrado, não pode mover-se, nem um dedo...

O odor que existe é horrível, não se pode respirar, mas tudo isso é nada em comparação com a alma que, conhecendo a Bondade de Deus, vê-se obrigada a odiá-Lo, e sobretudo se O conheceu e amou, sofre muito mais... "

(Cf. Josefa Menendez, 'Convite ao Amor Divino')


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O INFERNO, SEGUNDO
SANTA CATARINA DE SENA
(Doutora da Igreja)


Diz-lhe Jesus:

" Filha, a tua linguagem é incapaz de descrever os sofrimentos desses infelizes...
No Inferno, os pecadores padecem
quatro tormentos principais:

Primeiro tormento: é a ausência da Minha visão.
Um sofrimento tão grande, que os condenados, se fosse possível, prefeririam sofrer o fogo, vendo-me, do que ficarem fora dele sem Me verem.

Segundo tormento, como consequência, é o remorso que corrói interiormente o pecador, privado de Mim, longe da conversação dos Anjos, a conviver com os demónios.

Aliás, a visão do
Diabo constitui o terceiro tormento.
Ao vê-lo, duplica-se o sofrer...
Os infelizes danados vêem crescer os seus padecimentos ao verem os demónios.
Nestes, eles conhecem-se melhor, entendendo que pela própria culpa mereceram o castigo.

Assim, o remorso martiriza-os e jamais cessará o ardor da consciência.
Muito grande é este tormento, porque o Diabo é visto no seu próprio ser; tão horrível é a sua fealdade, que a mente humana não consegue imaginar...
Segundo a Justiça Divina, ele é visto mais ou menos horrível pelos condenados, conforme a gravidade das suas culpas.

O quarto tormento é o fogo.
Um fogo que arde sem consumir, sem destruir o ser humano.
É algo imaterial, que não destrói a alma incorpórea.

Na Minha Justiça, permito que tal fogo queime, faça padecer, aflija; mas não destrua.
É ardente e fere de modo crudelíssimo e de muitas maneiras.
A uns mais, a outros menos, segundo a gravidade dos seus pecados. "

(Santa Catarina de Sena, 'O Diálogo', 14.3.2)





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Fonte principal:
Últimas e Derradeiras Graças

Adaptação:
NOVÍSSIMOS DO HOMEM

terça-feira, 9 de março de 2010

Novíssimos - Introdução sobre:
O INFERNO E O PECADO MORTAL
Vídeo sobre a Visão do Inferno




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O INFERNO



DOUTRINA DA IGREJA CATÓLICA


As almas dos que morrem em estado de pecado mortal vão para o Inferno (Dogma).

«Morrer em pecado mortal, sem arrependimento e sem dar acolhimento ao Amor misericordioso de Deus, é a mesma coisa que morrer separado d'Ele para sempre, por livre escolha própria.
«E é este estado de auto-exclusão definitiva, da Comunhão com Deus e com os Bem-aventurados, que se designa pela palavra "Inferno"».
(Catecismo da Igreja Católica, n.º 1033)

«A Doutrina da Igreja afirma a existência do Inferno e a sua eternidade.
«As almas, dos que morrem em estado de pecado mortal, descem, imediatamente depois da morte, aos infernos, onde sofrem as penas do Inferno, "o fogo eterno".
«A principal pena do Inferno consiste na Separação eterna de Deus, único em Quem o homem pode ter a vida e felicidade para que foi criado e a que aspira».
(Catecismo da Igreja Católica, n.º 1035)

Quem, até ao último instante da sua vida na terra, rejeita o Amor e a Misericórdia de Deus e morre em pecado mortal, separa-se de Deus para sempre.
O Inferno aparece então como a
«última consequência do próprio pecado, que se vira contra quem o cometeu.
«É a situação em que se coloca quem rejeita a Misericórdia do Pai, também no último instante da sua vida...
«O Inferno é o lugar de pena definitiva, sem possibilidade de retorno ou de mitigação do sofrimento».
(Cf. Lc 16, 19-31; João Paulo II, Audiência Geral de 28 de Julho de 1999)


Jesus ameaça os pecadores (obstinados) com o
"castigo eterno do Inferno".
Chama-lhe 'Geena' (Mt 5,29s; 10,28; 23,15 e 33; Mc 9,43,45 e 47).
Originariamente, significa 'vale de Ennom', 'geena de fogo' (Mt 5,22;18,9).
'Geena', onde o verme não morre nem o fogo se extingue (Mc 9,46s).
Fogo eterno (Mt 25,41); Fogo inextinguível (Mt 3,12; Mc9,42).
Forno de fogo (Mt 13,42 e 50); Suplício eterno (Mt 25,46).
Ali existem trevas (Mt 8,12); gritos (choro) e ranger de dentes (Mt 13,42 e 50; 24,51); Lc 13,28).

S. Paulo dá o seguinte testemunho:
«Esses [os que não conhecem a Deus nem obedecem ao Evangelho] serão castigados na ruína eterna, longe da Face do Senhor e da Glória do Seu Poder» (2 Tess 1, 9; cf. Rom 2, 6-9; Heb 10, 26-31).

Segundo o Apocalipse (21, 8) os ímpios [os sem Deus na Sagrada Escritura] terão a sua parte no
«lago de fogo e de enxofre...
«Aí serão atormentados de dia e de noite, pelos séculos dos séculos
» (Ap. 20, 10; cf. 2 Pd 2, 4).

«Com efeito, Deus não poupou os anjos que pecaram, mas, precipitando-os no Inferno, entregou-os a um fosso de trevas...» (Lc 12, 4-5).
«Não temais os que matam o corpo e depois nada mais podem fazer.
Vou mostrar-vos a quem deveis temer: Temei aquele que, depois de matar, tem o poder de lançar na Geena.
Sim, eu vo-lo digo, a esse é que deveis temer».

No início do século II, Santo Inácio da Antioquia (110 DC) afirma:
«Todo aquele que, pela sua péssima doutrina, corromper a Fé em Deus, pela qual foi crucificado Jesus Cristo, irá para a fogo inextinguível, ele e aqueles que o escutam» (Eph 16, 2).

A Igreja, ao longo dos séculos, definiu dois elementos no suplício eterno do Inferno:
A "pena de dano" (suplício da privação), e a "pena dos sentidos" (suplício dos sentidos).

A "pena de dano" é o que constitui propriamente a essência do castigo do Inferno, e consiste em ver-se privado da Vista de Deus e de todos os bens que se associam a ela.
(Cf. Mt 25, 41)
«Apartai-vos de mim, malditos!»
(Mt 25, 12), e «não vos conheço».

A "pena dos sentidos" consiste nos tormentos causados externamente pelos meios sensíveis.
A Sagrada Escritura fala com frequência do fogo do Inferno, aonde são lançados os condenados; e designa o Inferno como um lugar aonde reinam os "gritos e o ranger de dentes", imagem esta de dor e desesperação.



* Fátima - A Visão do Inferno...


O Magistério da Igreja nunca se pronunciou abertamente sobre a natureza do fogo do Inferno, mas a maior parte dos Padres escolásticos e de quase todos os Santos e Teólogos supõem a existência de um fogo físico ou agente de ordem material, ainda que insistam que a sua natureza é distinta do fogo actual.

A acção do fogo físico, sobre os seres puramente espirituais, é explicada por S. Tomás de Aquino - seguindo o exemplo de Santo Agostinho e S. Gregório Magno -, como sendo a sujeição dos espíritos ao fogo material, que é instrumento da Justiça Divina.
Os espíritos ficam sujeitos desta maneira à matéria, não dispondo de livre movimento
(Suppl. 70, 3).

É impressionante, mas é de Fé, que a pena de sentido principal consiste no tormento do fogo, e que este não é metafórico, mas verdadeiro e real, apesar de desconhecermos a natureza do mesmo.
De qualquer natureza que seja o fogo do Inferno, ele atormenta não somente as almas dos condenados, mas também atormentará os seus corpos após a Ressurreição final.

O facto de que o fogo do Inferno atormenta as almas, e após a Ressurreição final, também os corpos, é uma Verdade de Fé.
Consta claramente na Sagrada Escritura que os demónios padecem a pena do fogo (Mt 25, 41), e o mesmo em relação às almas separadas
(Lc 16, 24).
A Igreja definiu que: «As almas dos que morrem em pecado mortal descem imediatamente ao Inferno, aonde são atormentadas com penas infernais» (Dz 531).

Santo Afonso Maria de Ligório, declara:

«E ainda dizem alguns insensatos: "Se for para o Inferno, não irei só..."
«Infelizes! Quantos mais réprobos haja aí, maiores serão os seus tormentos!
Ali - diz S. Tomás - a companhia dos outros condenados não alivia, antes aumenta a infelicidade comum.

«Muito mais sofrerão, sem dúvida, pela fetidez asquerosa, pelos lamentos daquela multidão desesperada e pela estreiteza em que se encontrarão amontoados e oprimidos, como ovelhas em tempo de inverno (Sl 48, 15), como uvas prensadas no lagar da Ira de Deus (Ap 19, 15).

«Padecerão do tormento da imobilidade (Ex 15, 16).
Tal como cai o condenado no Inferno, assim há-de permanecer imóvel, sem que lhe seja dado mudar de local, nem mover uma mão ou um pé, enquanto Deus seja Deus».
(Preparação para a Morte, Cap. 26, Das penas do Inferno)

Diz a Sagrada Escritura:
«Quando o rei entrou para ver os convidados, viu um homem que não trazia o traje nupcial. E disse-lhe:
"Amigo, como entraste aqui, sem o traje nupcial?"
Mas ele emudeceu. E o rei disse então, aos servos:
"Amarrai-lhe os pés e as mãos e lançai-o nas trevas exteriores".
Ali haverá choro e ranger de dentes»
(Mt 22, 11-13).

«É coisa terrível cair nas mãos do Deus Vivo» (Heb 10, 31).
«Então, o Rei dirá também aos da esquerda:
"Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o Diabo e seus anjos".
E estes irão para o tormento eterno; mas os justos irão para a Vida eterna»
(Mt 25, 41, 46)

Muitos infelizes minimizam as palavras de Cristo, porque, segundo eles, a Justiça Divina deveria ser do tamanho da sua tacanha inteligência, e fazem de Deus um "Super-homem", ou "um Deus à imagem da Terra"...
Esquecem-se, porém, que a Majestade de Deus e a sua Santidade são infinitas, e que o pecado mortal é o pior e maior dos males (uma ofensa igualmente infinita à Divindade)!

A todos os infelizes que não querem pensar na Justiça Divina, sob o falso pretexto de assim poderem continuar a pecar impunemente, aplica-se a máxima de Eusébio de Cesareia:
«Infeliz daquele que agora se ri do Inferno, porque deverá experimentá-lo pessoalmente, antes mesmo de crer nele!»

O Inferno é um lugar de tormentos (cf. Lc 16, 19-31), é o conjunto de todos os males sem mistura de bem algum e sem fim.
Ou, como dizia S. Pio X:
«O Inferno é o sofrimento eterno, que consiste na privação de Deus, nossa Felicidade, e no fogo com todos os outros males, sem bem algum».


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(Clique na imagem para ler melhor)


O PECADO MORTAL


«Deus não predestina ninguém para o Inferno.
Para ter semelhante destino, é preciso haver uma aversão voluntária a Deus (pecado mortal) e persistir nela até ao fim».
(Catecismo da Igreja Católica, n.º 1037)

«Deus quer que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade» (1 Tim 2, 4).


O que é o pecado?

O pecado é
«uma transgressão voluntária à Lei de Deus».

O pecado mortal supõe sempre três elementos essenciais:

1. Matéria grave, ou, pelo menos, considerada como tal.

2. Advertência plena; isto é, o conhecimento de que a matéria é grave.

3. Consentimento, ou aceitação pela vontade; isto é, querer esse mal, mesmo sabendo que é proibido e que é grave.


Se a matéria é grave e se a advertência e o consentimento são plenos, comete-se pecado mortal.
Só se comete pecado mortal quando se peca em matéria grave.
E para além de se reconheer claramente tratar-se de uma falta grave, é requerido que, ao mesmo tempo, se consinta plenamente nela.

Portanto, só comete pecado mortal quem peca voluntariamente, isto é, com pleno conhecimento e inteiro consentimento, em matéria grave.
Logo, sem conhecimento nem liberdade, não existe pecado grave.

Segundo S. Tomás de Aquino, o pecado é «um acto pelo qual nos afastamos de Deus, nosso último fim, prendendo-nos livre e desordenadamente a qualquer bem criado (considerado proibido)» (S. Thom. I, II, q.71-73).

E diz-nos Santo Afonso Maria de Ligório, na sua Preparação para a Morte, Cap. 26, das Penas do Inferno:
«Dois males comete o pecador quando peca: Abandona Deus, Bem infinito, e entrega-se às criaturas».
«Porque o meu povo cometeu um duplo crime: Abandonou a Mim, nascente das águas vivas, e construiu cisternas para si, cisternas rotas, que não podem reter as águas»
(Jr 2, 13).

«Porque o pecador se entregou às criaturas, com ofensa a Deus, justamente será atormentado no Inferno por essas mesmas criaturas, pelo fogo e pelos demónios, constituindo esta a 'pena dos sentidos'.
Mas como a sua maior culpa, na qual consiste a maldade do pecado, é ter-se afastado de Deus, a pena maior que há no Inferno é a 'pena de dano', ou seja, a carência da Vista de Deus, por tê-Lo perdido para sempre».
(Cf. Antonio Royo Marin, Teologia da Perfeição Cristã, acerca do Pecado mortal)

O pecado mortal sendo um mal gravíssimo - o pior de todos os males e uma enorme ofensa a Deus! -, por isso mesmo Deus castiga-o severamente.


Tendo presente que Deus é infinitamente Justo, não pode infligir aos culpados um castigo menor do que merecem; mas porque Ele é também infinitamente Misericordioso, castiga os culpados menos do que merecem, pois tempera o rigor da Sua perfeita Justiça com a Sua imensa Bondade.

É necessário, pois, que o pecado seja uma suprema abominação, para ser punido tão rigorosamente, com penas eternas, embora sempre na proporção do respectivo delito.


Assim mesmo, por um só pecado mortal:

- Milhões de anjos do Paraíso converteram-se em horríveis demónios, por toda a eternidade.

- Foram expulsos do Paraíso terrestre os nossos primeiros pais, Adão e Eva, submergindo a humanidade num mar de lágrimas e doenças, guerras e mortes.

- Serão mantidos no Inferno, por toda a eternidade, os culpados a quem a morte surpreende em pecado mortal (como sendo isso mesmo uma Verdade de Fé, divinamente revelada).


O Verbo de Deus, Jesus Cristo, o Filho muito amado, em Quem o Pai pôs todas as Suas complacências (Mt 17, 5), quando quis ser fiador do homem ingrato, teve de sofrer os terríveis tormentos da Sua Paixão, e sobretudo, experimentou em Si mesmo - enquanto representante e vítima da humanidade pecadora - a indignação da Justiça Divina, até ao ponto de fazê-lo exclamar no meio de uma dor e agonia imensas:
«Meu Deus, Meu Deus, por que me abandonas-te?» (Mt 27, 46).

A razão de tudo isso é realmente porque o pecado sendo uma injúria tremenda contra o próprio Deus, cujas Majestade e Santidade são infinitas, existe por isso mesmo uma distância infinita entre Deus e a criatura.
Ora, tendo em conta que a Dignidade de Deus é infinita, o pecado, como gravíssima ofensa a Deus, encerra igualmente, em si mesmo, uma malícia de certo modo também infinita, visto que a Dignidade do Ofendido é verdadeiramente infinita e insondável.

Daí, o castigo terrível que pesa sobre o pecador, quando este livremente escolhe o pecado como malícia e ingratidão.
Em lugar de amar e adorar o Criador, ele ama e reverencia as criaturas e as coisas opostas ao Criador e à Sua Lei, porque aspira a ser «como Deus»; isto é, a ser "livre" fora do seu Criador, estabelecendo ele mesmo as «leis» pelas quais quer existir, na sua ambição de prazer e liberdade proibidos e sem limites.

Isto é, pretende próprio homem ser "deus", à sua maneira, pois quer definir o que deve ou não fazer, e dessa forma cai na velha tentação do Diabo:
«Não, não morrereis; porque Deus sabe que, no dia em que comerdes o fruto proibido, abrir-se-ão os vossos olhos e sereis como Deus, ficando a conhecer o bem e o mal» (Gn 3, 4).

O homem é criatura de Deus, e como tal deve obedecer-Lhe, pois se têm algo de bom, deve-o ao seu Criador.
Mas na sua soberba, ele, para não ser confrontado com o seu crime de desobediência às Leis do seu Criador - que é uma Lei de Amor e foi colocada para garantir a felicidade de todos e não só de alguns -, opta por fazer-se a si mesmo de 'deus', arrogando-se a definir o que é bem e o que é mal.

O pecado pressupõe uma ingratidão espantosa, pois por ele, o homem usurpa os Direitos Divinos de Honra e Glória, substituindo-se a Deus! Que aquele que é menos que um átomo, se ensoberbeça perante o Criador Supremo de tudo e de todos, é o supremo dos males, e só por isso merecerá o supremo dos castigos: o Inferno!

«Todo aquele que permanece em Deus não se entrega ao pecado; e todo aquele que se entrega ao pecado não O viu nem O conheceu...
Quem comete o pecado é do Diabo, porque este peca desde a origem.
Para isto se manifestou o Filho de Deus: para destruir as obras do Diabo...
Nisto é que se distinguem os filhos de Deus e os filhos do Diabo».
(Cf. 1 Jo 3, 6-10)

«Se alguém vir que o seu irmão comete um pecado que não leva à morte, peça [a Deus], e dar-lhe-á vida.
Não me refiro aos que cometem um pecado que não leva à morte; é que existe um pecado que conduz à morte; por esse pecado não digo que se reze.
Toda a iniquidade é pecado, mas há pecados que não conduzem à morte»
(1 Jo 5, 16-17).

Logo, segundo S. João, existe um pecado que conduz à morte!
É a este pecado que conduz à morte eterna da alma, que a Igreja, desde o início da Era Cristã, chama de «pecado mortal» - porque dá a morte à alma, fazendo-a perder a Graça santificante, que é a vida da alma, como a alma é a vida do corpo.

Aliás, já dizia S. Paulo ao Hebreus:
«Pois, se pecarmos voluntariamente e com pleno conhecimento da verdade, já não há sacrifícios pelos pecados.
Aguarda-nos apenas um julgamento tremendo e o ardor de um fogo que consumirá os adversários»
(Hb 10, 26-27).


Eis os efeitos que o 'pecado mortal' produz na alma do pecador:

1. Perda da Graça santificante, das virtudes infusas e dons do Espírito Santo.
Supressão do influxo vital de Cristo, como o sarmento separado da videira.
Priva a alma da Graça de Deus e da amizade de Deus.

2. Perda de presença amorosa da Santíssima Trindade na alma.

3. Perda dos méritos adquiridos em toda a vida passada, tornando-a incapaz de adquirir novos méritos.

4. Feiíssima mancha na alma, «mácula animae», que a deixa tenebrosa e horrível, à Visão Divina.

5. Torna a alma escrava de Satanás, aumento das más inclinações e remorsos de consciência.

6. Fá-la merecer o Inferno, e também os castigos desta vida.
O pecado mortal é o Inferno em potência. É um verdadeiro suicídio da alma e da vida da Graça de Deus em nós.



* * *

A Eternidade do Inferno:

As penas do Inferno duram por toda a Eternidade (Dogma).

O Capítulo Firmiter, do Concílio de Latrão (1215), declarou:
«Aqueles [os réprobos] receberão, com o Diabo, o suplício eterno».
(Dz 429; cf. Dz 40, 835, 840)

A Sagrada Escritura coloca muitas vezes em relevo o carácter "eterno" das penas do Inferno, pois fala-nos da «eterna vergonha e confusão» (Dn 12,2; cf. Sb 4,19); do «fogo eterno» (Mt 18,8;25,41); do «suplício eterno» (Mt 25,46), e da «ruína eterna» (2 Tes 1,9).

O epíteto «eterno» não pode entender-se no sentido de uma duração muito prolongada, mas, no final de contas, limitada.
Assim o provam os lugares paralelos em que se fala de «fogo inextinguível» (Mt 3, 12; Mc 9, 42, 46).
Igualmente, evidencia-o a antítese «suplício eterno» e «vida eterna» (Mt 25, 46).
Segundo o Apocalipse (14,11; 19,3), «o fumo do seu tormento [do condenado] subirá pelos séculos dos séculos», isto é, sem fim. (cf. Ap. 20,10)

A «restauração de todas as coisas», que se nos fala em Actos (3, 21), não se refere à sorte dos condenados, mas à renovação do mundo que terá lugar com a Segunda Vinda de Cristo.


Desigualdade do sofrimento dos condenados:

A quantidade da pena de cada um dos condenados é diversa, segundo o grau diverso da sua culpa (Sentença comum).

Os Concílios de Lyon e Florença declararam que as almas dos condenados são afligidas com penas desiguais. (Dz 464, 493)

Jesus ameaça os habitantes de Corozain e Betsaida, assegurando que por sua impenitência hão-de ter um castigo muito mais severo que os habitantes de Tiro e Sidon. (Cf. Mt 11, 22; Lc 10, 12-15)
Os escribas terão um juízo mais severo (Lc 20, 47).
(Ver também: Lc 12, 47-48; Jo 19, 11 ;Tg 3, 1)

Santo Agostinho ensina-nos que «a infelicidade será mais suportável a uns condenados do que a outros» (Enchir. III).

A Justiça Divina exige que a magnitude do castigo corresponda à gravidade da culpa.
E Deus, como diz S. Pio X, "premeia os bons e castiga os maus, porque é Justiça Infinita" (e não apenas Misericórdia, como arrogante e rebeldemente pretendem muitos).




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Fonte principal:
Últimas e Derradeiras Graças


Adaptação:

NOVÍSSIMOS DO HOMEM