+ + + + +
Visão de Dom Bosco
= 1.ª Parte =
Na noite de Domingo, 3 de Maio de 1869, festa do Patrocínio de São José, Dom Bosco voltou à narração do que tinha visto nos seus sonhos:
Devo contar-vos outro sonho, que se pode considerar consequência dos que vos narrei na 5.ª e na 6.ª feira à noite, os quais me deixaram tão cansado, que dificilmente podia manter-me de pé.
Chamai-lhes sonhos, ou dai-lhes outro nome; chamai-lhes como quiserdes...
- Por que não falas?
Voltei-me para o lugar de onde procedia a voz, e vi junto ao meu leito um personagem distinto.
Tendo compreendido o motivo da censura, perguntei-lhe:
- E o que deverei dizer aos nossos jovens?
- O que viste e te foi dito nos últimos sonhos, e também o que desejavas conhecer, e que te será revelado na próxima noite.
E o Guia desapareceu...
Em todo o dia seguinte, estive a pensar na péssima noite que haveria de passar; e, chegada a hora, não me decidia a ir dormir.
Fiquei a ler, sentado à mesa, até à meia-noite.
Enchia-me de terror a ideia de ter que presenciar ainda outros espectáculos terríveis.
E, finalmente, fiz violência sobre mim mesmo, indo deitar-me.
Para não dormir tão rapidamente, com temor de que a imaginação me levasse aos costumeiros sonhos, apoiei o travesseiro na parede, de modo a ficar quase sentado no leito.
Mas, como estava moído de cansaço, sem que me desse conta, o sono logo apoderou-se de mim.
E eis que, de repente, vejo no quarto, junto à minha cama, o homem da noite anterior, o qual disse-me:
- Levanta-te, e vem comigo!
- Rogo-te, por caridade - respondi-lhe -, deixa-me tranquilo, pois estou cansado demais.
Há vários dias que sou atormentado pela dor de dentes.
Deixa-me descansar. Tive sonhos espantosos; estou extenuado.
Dizia isso também porque a aparição desse homem é sempre sinal de grande agitação, cansaço e terror.
- Levanta-te, que não há tempo a perder! - respondeu-me.
Então levantei-me e segui-o.
Mas no caminho, perguntei-lhe:
- Aonde me queres levar, desta vez?
- Vem e verás.
Conduziu-me a um lugar onde se estendia uma imensa planície.
Olhei à volta, mas de lado nenhum conseguia ver os confins dela, de tal forma era extensa.
Era um verdadeiro deserto, não havendo ser vivo algum.
Não se via nem uma árvore, nem um rio, e a vegetação seca e amarelecida mostrava um aspecto desolador.
Não sabia onde me encontrava, nem o que iria fazer.
Durante alguns instantes, perdi de vista o meu Guia, receando ter-me perdido.
Não estavam comigo nem o Padre Rua, nem o Padre Francesia, nem mais ninguém.
Mas eis que descubro de novo o Amigo, que vinha ao meu encontro. Respirei fundo, e perguntei-lhe:
- Aonde estou?
- Vem comigo e verás.
- Sim, irei contigo.
Caminhava ele na frente, e eu seguia-o em silêncio.
Após uma longa e triste caminhada, pensando que precisaria de atravessar toda a imensa planície, dizia para mim mesmo:
Pobres de meus dentes! Pobre de mim, com as pernas inchadas!
De repente, sem saber como, aparece diante de mim uma estrada. Rompi então o silêncio, perguntando ao meu Guia:
- Aonde vamos agora?
- Por aqui - respondeu-me.
E enveredámos por aquela estrada.
Era bonita, larga, espaçosa e bem pavimentada.
"Via peccantium complanata lapidibus, et in fine illorum inferi, et tenebrae, et poenae" (Eclesiástico 21, 11) - [O caminho dos pecadores é muito bem pavimentado, mas no final dele estão o Inferno, as trevas e os castigos].
Nos dois lados do caminho, havia duas belíssimas sebes, verdes e cobertas de flores encantadoras.
As rosas, especialmente, brotavam por todas as partes, entres as folhas.
À primeira vista, esse caminho parecia plano e cómodo; e, sem suspeitar de nada, pus-me a caminhar por ele.
Mas, à medida que prosseguia, notei que ia declinando lentamente, e, mesmo não parecendo muito rápida a descida, eu corria a uma tal velocidade que parecia estar sendo levado pelo vento.
Mais ainda, dei-me conta de que avançava quase sem mover os pés, tão rápida era a nossa correria.
Pensando que regressar depois, por uma estrada tão longa, me custaria grande esforço e fadiga, perguntei ao companheiro:
- Como é que faremos, para voltar depois ao Oratório?
- Não te preocupes. O Senhor é Omnipotente, e quer que tu vás.
Quem te conduz e te mostra como ir para a frente, saberá também reconduzir-te de volta - respondeu-me.
O caminho baixava sempre, cada vez mais.
E nós continuávamos o trajecto, por entre flores e rosas, quando, pelo mesmo caminho, vi os meus rapazes do Oratório, juntamente com muitos outros companheiros que eu jamais vira antes, caminhando atrás de mim, e logo encontrei-me no meio deles.
Enquanto observava-os, de repente vejo que ora um, ora outro, caíam, e de seguida eram arrastados por uma força invisível, rumo a uma horrível encosta, que se entrevia à distância, a qual depois vi que ia dar a uma fornalha!
Perguntei ao meu Companheiro:
- O que é que faz cair esses jovens?
"Funes extenderunt in laqueum; iuxta iter scandalum posuerunt" (Salmo 139) - [Estenderam cordas à maneira de rede; junto do caminho puseram tropeços].
- Aproxima-te um pouco mais - respondeu o Guia.
Aproximei-me, e vi que os meninos passavam entre muitos laços (armadilhas), alguns postos à altura do chão, outros à altura da cabeça, e estes últimos não se viam.
Dessa forma, muitos jovens, enquanto caminhavam sem dar-se conta do perigo, eram colhidos pelos laços.
No momento de serem colhidos, davam um salto, depois caíam no solo com as pernas para o ar, e levantando-se, punham-se em louca corrida para o abismo!
Um era preso pela cabeça, outro pelo pescoço, outro pelas mãos, por um braço, por uma perna ou pela cintura, e imediatamente depois eram arrastados.
Os laços espalhados pela terra, mal se podiam ver; eram parecidos com estopa, lembrando fios de aranha, e não pareciam bastante nocivos.
Vi também que os jovens, colhidos por tais laços, caíam quase todos por terra, sem resistência!
Eu estava espantado, e o Guia perguntou-me:
- Sabes o que é isso?
- Um pouco de estopa, não mais que isso - respondi.
- Do mesmo modo, aparentemente pouco nefasto, assim é o respeito humano - advertiu.
Vendo, entretanto, que muitos continuavam a enredar-se nesses laços, perguntei:
- Mas como é que tantos ficam atados por meio desses fios? Quem é que os arrasta desse modo?
- Aproxima-te mais, olha e verás.
Olhei um pouco, e disse:
- Não estou vendo nada.
- Olha um pouco melhor - repetiu.
Segurei então um dos laços, puxei-o para mim, e notei que a sua ponta não aparecia; puxei um pouco mais, mas não conseguia ver onde é que terminava aquele fio; e, pelo contrário, notei que também a mim ele arrastava.
Segui então o fio, e cheguei à boca de uma espantosa caverna!
Parei, porque não queria entrar naquela voragem.
Puxei para mim o fio, e percebi que ele cedia um pouquinho, mas era necessário fazer muita força.
Depois de muito puxar, pouco a pouco foi saindo da caverna um feio e grande monstro, muito repugnante, que segurava fortemente um cabo, ao qual estavam atados todos os laços!
Era esse monstro que, mal alguém caía na rede, imediatamente puxava-o para si.
É inútil - pensei comigo - competir em força com esse monstro medonho, porque não sou capaz de vencê-lo.
O melhor é combatê-lo com o Sinal da Santa Cruz e com Jaculatórias.
Voltei para junto do meu Guia, e ele perguntou-me:
- Já sabes agora o que é?
- Sim, já sei! É o Demónio que estende esses laços, para fazer os meus jovens caírem no Inferno!
Observei então, com atenção, os muitos laços, e vi que cada um deles levava escrito o seu próprio título: laço da soberba, da desobediência, da inveja, da impureza, do roubo, da gula, da preguiça, da ira, etc.
Verificado isso, coloquei-me um pouco atrás para observar quais daqueles laços colhiam maior número de jovens.
Eram os da impureza, da desobediência e do orgulho.
A este último laço (do orgulho) estavam atados os outros dois (da impureza e da desobediência).
Além desses, vi muitos outros laços que faziam grandes estragos, mas não tantos como os primeiros.
Sem parar de observar, vi que muitos jovens corriam mais precipitadamente que outros, e perguntei:
- Porquê essa velocidade?
- Porque são arrastados pelos laços do respeito humano - respondeu-me.
Olhando ainda mais atentamente, vi que, por entre os laços, havia muitas facas espalhadas, ali colocadas por mão providencial, e serviam para cortar ou romper os laços.
A faca maior era contra o laço do orgulho, e representava a Meditação espiritual.
Outra faca também grande, mas um pouco menor, significava a Leitura Divina bem feita.
Havia também duas espadas.
Uma delas indicava a Devoção ao Santíssimo Sacramento, especialmente com a Comunhão frequente; e a outra espada simbolizava a Devoção a Nossa Senhora.
Havia também um martelo, representando o Sacramento da Confissão.
E havia ainda outras facas, símbolos de várias devoções: a São José, a S. Luís Gonzaga, etc., etc.
Com essas armas, bastantes jovens rompiam os laços quando eram presos, ou defendiam-se para não serem atados.
Vi, com efeito, jovens que passavam entre os laços, sem nunca serem colhidos, ou passavam antes que o laço caísse, ou sabiam esquivar-se e o laço escorregava sobre os ombros, sobre as costas, de um lado ou de outro, sem contudo poder aprisioná-los.
Quando o Guia se deu conta de que eu havia observado tudo, fez-me continuar o caminho, bordado de rosas que, enquanto avançávamos, iam-se tornando mais raras, assim como começavam a fazer-se notar enormes espinhos.
Chegámos a um ponto em que, por mais que eu olhasse, já não encontrava rosa alguma, e no final as sebes haviam-se tornado só de espinhos, desfolhadas e secas pelo sol.
Das moitas dispersas e ressequidas, partiam galhos que serpenteavam pelo solo e invadiam o caminho com espinhos, de tal maneira que só com grande dificuldade se conseguia passar.
Havíamos chegado a um vale, cujas ribanceiras ocultavam as demais regiões vizinhas; e o caminho, sempre em declive, tornava-se cada vez mais horrível, sem pavimentação, cheio de buracos e degraus, de pedras e rochas agrestes.
Havia perdido de vista todos os meus jovens, muitíssimos dos quais haviam saído daquele caminho traiçoeiro, para seguirem outros rumos.
Continuei caminhando, e quanto mais avançava, mais áspera e rápida era a descida, de modo que às vezes resvalava e caía por terra, onde ficava um pouco para retomar o fôlego.
De tempos a tempos, o Guia sustentava-me e ajudava-me a levantar.
A cada passo, as articulações dobravam-se-me e parecia que os meus ossos iam desconjuntar-se.
Ofegante, eu dizia ao meu Companheiro:
- Meu amigo, as minhas pernas já não podem sustentar-me: estou tão esgotado que me é impossível prosseguir a caminhada!
O Guia não respondeu, mas fazendo-me sinal para ter ânimo, continuou o caminho; até que, vendo-me suado e morto de cansaço, conduziu-me a um patamarzinho que havia na entrada.
Sentei-me, respirei profundamente e pareceu-me descansar um pouco.
Eu olhava entrementes o caminho percorrido, que me parecia quase vertical, semeado de espinhos e pedras ponteagudas.
Olhava depois o caminho que ainda devia percorrer, e fechava os olhos aturdido.
Por fim, exclamei ao meu Companheiro:
- Por caridade, voltemos par trás! Se continuarmos adiante, como faremos para regressar ao Oratório?
Na volta, ser-me-á impossível subir esta encosta!
O Guia respondeu, resolutamente:
- Agora que chegámos a este ponto, queres que te deixe só?
Diante da ameaça, exclamei em tom dolorido:
- Sem ti, não poderei voltar para trás, nem continuar a viagem!
- Pois bem, segue-me - acrescentou.
Levantei-me e continuámos descendo.
O caminho tornava-se cada vez mais espantoso e intransitável, de maneira que mal podia manter-me em pé!
E eis que, no fundo desse precipício, que terminava num vale sombrio, apareceu um imenso edifício que exibia, diante do nosso caminho, uma porta altíssima, fechada!
Chegamos ao fundo do precipício...
Um calor sufocante oprimia-me, e uma densa fumaça esverdeada elevava-se em torno das muralhas, marcadas por chamas cor de sangue.
Levantei os olhos para ver a altura dos muros.
Eram mais altos que uma montanha!
Perguntei ao Guia:
- Onde é que nos encontramos? Que é isso?
- Lê naquela porta, pela inscrição saberás onde estamos - respondeu.
Olhei e vi escrito na porta:
"Ubi non est redemptio!"
[Onde não há redenção!]
Dei-me conta de que estávamos na... Porta do Inferno!
O Guia levou-me a fazer o contorno das muralhas daquela horrível cidade.
De espaço a espaço, a uma distância regular, via-se uma porta de bronze, como a primeira, também no ponto final de uma espantosa vertente, e todas as portas tinham uma inscrição latina, distinta das anteriores.
"Discedite, maledicti, in ignem aeternum, qui paratus est diabolo et angelis eius... Omnis arbor quae non facit fructum bonum excidetur et in ignem mittetur!"
[Afastai-vos, malditos, ide para o fogo eterno, que está preparado para o Diabo e seus anjos... Toda a árvore que não der bom fruto será cortada e lançada ao fogo!]...
(Continua)
+ + + + +
Fonte: Igreja Online
Adaptação:
Nova Evangelização Católica
4 comentários:
* * *
= Textos relacionados =
«Barreiras existem, é verdade, mas com fé vamos ultrapassando e adquirindo objetivos que
vao se definindo até tornarem-se realidades.
Deus é especialista em impossíveis.
"Porque para Deus nao haverá impossíveis em todas as suas promessas." Lc 1.37
Ele ouve nosso clamor quando clamamos, porque seus ouvidos estao sempre atentos a quem escolheu os seus caminhos.
Nada estará perdido, porque ele virá em nosso socorro e nos exaltará, porque abandono
é uma palavra que nao existe no seu dicionário a quem, pelo menos, tenta lhe ser fiel!
"...nao te deixarei, nem te desampararei." Js 1.5
Cre, entrega e confia as tuas lutas ao Deus soberano, longanimo, fiel e amoroso. Quem cre verá a sua glória e será exaltado!
"...Credes que eu posso fazer isso? ...Faca-vos conforme a vossa fé." mt 9.28.29
"O povo que conhece o seu Deus resistirá com firmeza, se tornará forte e ativo." Dan 11.32
Um simples soldado crente comandado por Cristo é imbatível, (esta frase nao é minha), nao pode ser derrotado,
porque suas lutas já foram vencidas na Cruz do Calvário.
Assim se mantém viva a minha esperanca! Eu escolhi confiar em Deus!
Espero que tu também!»
(Marlene Marvel)
http://marlenemaravilha.blogspot.com
/2010/05/escolhas.html
* * *
Olá, caríssima Marlene!
«Alguns confiam em carros e cavalos»...
Pois é. Só que no Céu não há cavalos nem carroças, apenas Deus nos Seus Anjos e nos Seus Santos.
E cá na Terra? Bem, cá neste terraço global, de passagem para a vida adulta/eterna, há um pouco de tudo, pois somos como crianças que precisam de brincar com carrinhos, animais e bonecas.
Ao menos não substituamos os brinquedos por armas, drogas e outros vícios, tão em voga.
E sobretudo, não troquemos Deus, o Criador de tudo e de todos, por tais brinquedos, vícios e manias, alguns deles extremamente degradantes.
«Nós confiamos no Senhor, nosso Deus»...
Ainda bem que é assim, deste modo e não daquele.
Só que daquele modo (carros e cavalos), não são apenas "alguns", mas infelizmente são muitos/muitíssimos, talvez porque os cavalos correm depressa, imenso, principalmente sem atrelado, atirando por vezes com os cavaleiros para o chão, ou para a cova.
Enquanto que deste modo - os que preferem amar e servir a Deus, acima de tudo e de todos -, são tão poucos, que até faz dó.
Além disso, bastantes do que servem a Deus, fazem-no com certa timidez, com tibieza e até com respeitos humanos.
Porém, os que servem ao Diabo, não só não têm vergonha, como ainda se gabam disso, levando assim outros a fazer o mesmo.
De facto, o caminho que leva a Deus (ao Paraíso) é muito estreito, inclinado e pedregoso, enquanto o que leva ao Demónio (ao Inferno) é espaçoso e escorregadio, repleto de miragens.
Eis porque há tantos adeptos do caminho de Satanás que, ainda por cima, por vezes finge ser 'anjo de luz', para assim melhor, através de tais ardis, e sobretudo do prazer e da vaidade, da soberba e do egoísmo, convencer os incautos, tal como a sereia de Ulisses.
"Laços e armadilhas do Demónio"... Onde já li isto?
Ah, já sei, ainda agora no blog Novíssimos do Homem (sem publicidade)...
E tantos são os incautos, ingénuos e insensatos, que se deixam levar por tais aparências enganadoras e diabólicas!
Peçamos por eles nas nossas orações e através do nosso bom exemplo.
Uma abraço amigo para todos, especialmente para a Marlene Maravilha e Família.
J. Avlis
-----
+ + +
= Textos relacionados =
ALGUNS RELEVANTES E PERTINENTES EXTRACTOS
DE UMA ENTREVISTA COM O EXORCISTA DO VATICANO
REVERENDÍSSIMO PADRE GABRIEL AMORTH
CATOLICIMO - A TV, dum modo geral, com programas incentivadores de práticas de magia e espiritismo, bem como desagregadores das tradições cristãs e da família, tem colaborado deliberadamente para o incremento do satanismo?
E o rock satânico, tem concorrido para a disseminação do poder do Demónio?
PADRE AMORTH:
" Quando foi inventada a televisão, o Santo Padre Pio (de Pietrelcina) ficou furioso.
E a quem lhe dizia que se tratava duma magnífica invenção, ele respondia:
“Verá que uso irão fazer dela!”
Com efeito, a TV provoca a corrupção da juventude e também dos velhos!
Ouso acrescentar: Constitui analogamente a corrupção dos padres, dos sacerdotes e das freiras!
Com programas e cenas frequentes de sexo, de terror, de violência...
" A Internet é ainda pior, ainda pior, repito.
Certa vez, ao fazer um exorcismo e falando com o Demónio, ele dizia:
“A televisão, fui eu que a inventei!”
E eu afirmava: “Não! Tu és um mentiroso! A televisão é uma grande invenção do homem. Tu inventaste o mau uso dela, a fim de corromper as pessoas”.
" Todos sabemos que existe o nudismo! Todos sabemos que haverá [já houve, em Roma], dentro de alguns dias, uma manifestação de homossexuais!
Uma demonstração do vício e os pecados que isso representa [e provoca]!
Ali está, não há dúvida, a directa acção do Demónio.
" No caso acima, existe a actividade ordinária do Demónio de tentar o homem, mas também a actividade extraordinária do Demónio, que se serve da ocasião para possuir as pessoas que promovem essas coisas.
" Quanto ao rock satânico, é tremendo!
Pode conduzir à possessão diabólica, porque ensina (ou inspira) o culto a Satanás.
E pouco a pouco, através do culto a Satanás, chega-se a ser possuído por ele.
" Satanás é manhoso, introduz-se sem nunca fazer-se sentir.
Pode começar-se com simples jogos de cartas, como o tarô, e através dos jogos, saber se vai ganhar na lotaria, adivinhar acontecimentos, doenças de amigos, etc.
E, a pouco e pouco, vai-se sendo possuído pelo Demónio.
O Diabo age assim: actua sem se fazer sentir... "
CATOLICISMO - A falta de Fé será a principal e mais profunda causa do aumento do poder satânico no mundo actual?
PADRE AMORTH:
" É Sempre, e matematicamente.
Examinando toda a História do Antigo Testamento, a História do Povo de Israel, quando este abandona Deus, entrega-se à idolatria.
É matemático: quando se abandona a Fé, entregamo-nos à superstição.
Isto aplica-se, em nossos dias, a todos nós, deste mundo ocidental.
" Tomem as velhas nações da Cristandade medieval.
A católica Itália, a França, a Espanha, a Áustria, a Irlanda, que por muito tempo foram nações cujo Catolicismo era bastante forte, enquanto agora o catolicismo tornou-se fraquíssimo.
(Continua a seguir)
+ + +
+ + +
(Continuação)
" Na Itália, entre 12 a 14 milhões de italianos frequentam actualmente sessões de bruxaria e cartomantes!
Há no país aproximadamente 65.000 bruxos e cartomantes, muito mais que o número de sacerdotes!
" Existem também, na Itália, de 600 a 700 seitas satânicas!
E 37% da juventude italiana participou algumas vezes de sessões espíritas, acreditando ser isso um mero jogo...
" Um movimento dirigido por um sacerdote (!?) ensina aos pais como falar com os seus filhos falecidos... Isto é espiritismo puro!
Noutros tempos, o espiritismo exercia-se através de um médium em estado de transe, e o médium evocava a pessoa.
O espiritismo consiste em evocar um defunto para interrogá-lo e obter dele respostas.
" Agora não é mais necessária a presença do médium, pois pratica-se o espiritismo através do gravador, do televisor e da Internet...
Os dois meios mais usados são gravadores e escritura automática.
" A página mais lida dos jornais é a do horóscopo... e os jornais diários não são comprados pelos analfabetos.
São os industriais, os políticos, que não tomam decisões sem antes ouvir um bruxo.
Ou seja, sempre que diminui a Fé, aumenta a superstição.
" Por exemplo, faz-se um referendo na Itália para a defesa da família, vence o divórcio; faz-se um referendo em defesa da vida, vence o aborto!
E isto na católica Itália!...
" Não nos espantemos: Satanás é poderoso!
Nosso Senhor chama-o, por duas vezes “príncipe deste mundo”.
S. Paulo chama-o “senhor deste mundo”.
S. João diz: “Todo mundo jaz sob o poder do Maligno”.
" E quando o Demónio tenta Nosso Senhor, leva-O ao alto do monte, fá-Lo ver os reinos da Terra, e diz-Lhe: “São meus, dou-os a quem quero, e se Tu te ajoelhares diante de mim...”
Mas Jesus não lhe responde: “Tu és um mentiroso, todos os reinos são de meu Pai. É só Ele quem os dá a quem quiser”... Não, não.
" A Escritura diz simplesmente: “Tu ajoelhar-te-ás somente diante do teu Deus”.
Nosso Senhor não contradiz o Demónio (no respeitante aos domínios próprios dele, controlados por ele).
" Actualmente, tantos se 'ajoelham' diante de Satanás para obter sucesso, prazer, riquezas - as três grandes paixões do homem!
E o Demónio oferece o sucesso, o prazer, a riqueza, mas sempre unidos a terríveis sofrimentos.
Vemos o sucesso, vemos o dinheiro, vemos a fama, e imaginamos que essas pessoa são felizes.
Mas não é verdade, pois o Demónio só pode desejar e praticar o mal.
" Por conseguinte, as pessoas que se entregam ao Demónio já têm uma amostra de inferno nesta vida, e finalmente terão a totalidade do Inferno na eternidade!
Aqui, têm um inferno dourado, mascarado de sucesso, e depois... o fogo eterno, onde há «choro e ranger de dentes» perpetuamente!
(Conclui a seguir)
+ + +
+ + +
(Conclusão)
CATOLICISMO - Qual é a influência do chamado 'progressismo' (ou relativismo) católico nessa decadência da virtude teologal da Fé?
PADRE AMORTH:
" Hoje, infelizmente, existem 'teólogos' e 'exegetas' que negam até mesmo os exorcismos de Nosso Senhor!
No meu último livro - Exorcismos e Psiquiatras - dedico um capítulo aos exorcistas franceses:
Apenas cinco, dum total de 105, crêem e fazem exorcismos; os restanters... não crêem neles.
" Num dos seus congressos, convidaram para falar exegetas que negam os exorcismos de Nosso Senhor.
Alegam eles tratar-se de uma linguagem apenas cultural, e que o Redentor adaptava-se à mentalidade da época, mas que, na verdade, aquelas pessoas eram apenas loucas e não possessas.
Essas prédicas de pseudo-exegetas influíram nos espíritos dos Bispos, dos padres, etc.
CATOLICISMO - Quais as razões que levam Bispos católicos a se desinteressarem inteiramente da temática do Demónio, abandonando assim os fiéis à acção preternatural, crescente nos tempos atuais?
PADRE AMORTH:
" Não haverá razão para se espantar com esta minha resposta...
No Evangelho, Nosso Senhor diz: “O Demónio é fortíssimo”.
Isto está muito claro.
Satanás é muito poderoso e conseguiu, com as suas artimanhas, fazer-nos crer que [ele mesmo] não existe, sendo a tentação que mais lhe agrada [porque mais sucesso lhe dá]!
" E porque também ele conseguiu realizar tudo isso nestes últimos séculos - pois já faz três séculos que faltam exorcistas.
O que explica [e justifica] o meu combate aos Bispos e aos Padres que, infelizmente, já não crêem na acção do Demónio.
Por isso mesmo, eu critico-os fortemente.
" Julgo que 90% dos Padres e dos Bispos não crêem na acção extraordinária do Demónio!
Talvez ainda existam alguns, talvez,talvez...
No Concílio Vaticano II, alguns Bispos já afirmavam que Satanás não existia!
Durante o Concílio (hem!), diante da Assembleia Conciliar!
Repito: Tenho por certo que 90% dos Bispos e sacerdotes não crêem na acção extraordinária do Demónio...
" Razão pela qual, há três séculos, na Igreja latina, verifica-se uma escassez espantosa de exorcistas.
Na Alemanha, nenhum! Na Áustria, nenhum! Na Suíça, nenhum! Na Espanha, nenhum! Em Portugal, nenhum!
Quando eu digo “nenhum”, não estou a afirmar que não exista um ou dois, mas de tal maneira não são encontrados [identificados e reconhecidos como tais], que os considero como inexistentes.
" Numa cidade europeia importante, centro de peregrinações, temos uma livraria Paulina.
Quando lá estive, dei-me conta, através de um livreiro amigo, que dispunham do meu livro na livraria, mas escondido, porque
“os Bispos disseram-lhes para tê-lo escondido, e não expô-lo, não expô-lo!”
" Por outro lado, há muitos Bispos que não nomeiam exorcistas [que só eles têm competência para nomeá-los].
Um Prelado famoso - o Cardeal Todini, que foi Arcebispo de Ravena -, numa transmissão televisiva, gabou-se de nunca ter nomeado exorcistas!
Esta é, infelizmente, a triste situação em que nos encontramos!
Fonte: Pai de Amor
Adaptação:
NOVÍSSIMOS DO HOMEM
+ + +
Enviar um comentário